Análises C(l)ínicas
Dizem que a melhor forma de resolver os problemas é enfrentá-los (uma espécie de verdade popular não confirmada e por vezes até desmentida!).
Foi com isso em mente (e outras coisas mais) que acordei antes das 7 da manhã de um sábado para ir tirar sangue. E pela primeira vez fui sozinha. O que significa não ter levado um para-médico, uma assistente social, um guarda-costas, um curandeiro, ou até mesmo a minha mãe (hipótese mais rebuscada, esta).
E resultou! Deitei-me (só por precaução, não fosse partir a cabeça na queda), a senhora tirou o sangue que tinha a tirar e ficou tudo bem. Porque é que foi tão fácil? Porque pela primeira vez o meu grande (enorme!) mal estar deu-se logo na recepção! No preciso momento em que tive de pagar 527 euros pelas ditas análises. Sim. Quinhentos e vinte e sete euros. Cabe mais do que o salário mínimo num frasquinho do meu sangue! E o mais ridículo é que são outras pessoas a ficar com um fluído corporal produzido por mim, e eu é que pago para cima de cem contos. Tudo bem. Parece-me tudo muito justo.
Da picada não me lembro. Náusea? Qual náusea? Tudo a andar à volta? Nada disso aconteceu. Já podiam ter avisado que era esta a solução. Se eu pagasse as minhas próprias análises desde os seis anos ter-se-iam evitado muitas cenas de histeria, gritos, enfermeiras a correr atrás de mim pelos corredores, noites em branco a pensar nas agulhas, desmaios e outros achaques. Era darem-me um cartão multibanco para a mão e pronto.
A partir de hoje vou deixar de ter pesadelos com seringas gigantes e cheiro a desinfectante e passar a acordar a meio da noite, alagada em suor, quando ouvir a citação:" Qual é o seu sistema de saúde? Particular".