Pequeno Martunis
A TVI vai ter (mais) uma novela cheia de realismo e acção. Eu achava que até meados do século XXI não iria ver-se nada, na ficção nacional, capaz de superar a mítica "cena do leão" (assim designada e leccionada em cursos de dramaturgia um pouco por todo o Mundo). Para os mais esquecidos, relembro (enquanto me pergunto como é possível esquecer uma coisa dessas): uma senhora é brutalmente atacada por um leão, no meio da savana, enquanto Dalila Carmo e Nuno Homem de Sá fogem - ele dispara tiros de caçadeira para o ar e ela grita, desesperada.
Pelo que vi na apresentação de "Sentimentos", vem aí um olhar de terror capaz de superar o de Alexandra Leite, perante o leão esfaimado: é de Diogo Amaral (e de um comparsa surfista) ao perceber que se aproxima uma onda gigantesca.
É verdade. Depois de outra (também mítica) novela TVInense que começa com a explosão do World Trade Centre, surge uma nova (e apaixonante, aposto) história, que tem como pano de fundo o Tsunami.
A questão é: será que o pequeno Martunis reforçará o elenco infantil?
Esta telenovela até podia ter uma grande premissa inicial, se eles estivessem na Praia dos Tomates e não na Indonésia. Se aquilo que Diogo Amaral estivesse a avistar, com olhar esgazeado, fosse a falsa onda gigante avistada em Vilamoura aqui há uns anos, tinhamos uma novela que prometia... Assim sendo, temos só mais uma, inserida na escola trágica. Escola essa que ainda há-de nos dar grandes capítulos iniciais de novelas, com Vera Kolodzig a bordo de um Airbus com falhas mecânicas, José Carlos Pereira internado num hospital mexicano, com gripe suína, ou Rita Pereira a atravessar a ponte de Entre-os-Rios em cima de um cavalo, fugindo de Josef Fritzl, que quer trancá-la na cave.