Não gosto de fins. Gosto de inícios.
Não gosto de fins. Gosto de inícios.
(nota: este post pode ser lido de trás para a frente. era o que eu faria).
Gosto do início do livro, em que não sabemos o que aí vem. E que bom que é. Nas primeiras linhas de um Dan Brown ainda podemos ter a ilusão de que vem aí boa coisa (ok, talvez no fim da primeira linha já estejamos a perceber que não). Não gosto do fim do livro, quando queríamos muito mais e já só nos sobra a contra-capa e a biografia do autor na badana.
Gosto do início do filme, porque sei que lá para o meio vou adormecer e no fim já não vou perceber nada.
Gosto do princípio do jantar, quando estamos a congeminar o que vamos comer e o bom que vai ser. Odeio o fim do jantar, em que descobrimos que fizemos a escolha errada e que comemos demais. A entrada é sempre melhor que a sobremesa.
Gosto de ler jornais e revistas de trás para a frente, da última página para a primeira, para deixar o mais importante para o fim. O meu fim, o princípio deles.
Gosto do início da música que passa na rádio, quando era mesmo aquilo que nos apetecia ouvir. Não gosto que se aproximem os acordes finais e que se apodere de nós a consciência de que a seguir vai dar Shakira e Coldplay e nada poderemos fazer a não ser desligar o auto-rádio.
Destesto o fim de ano porque é o que querem que seja. Tem de ter passas, tem de ter champagne, tem de ter desejos, tem de ter cuecas azuis, tem de ter alegria a rodos.
Gosto do início de ano porque é o que eu quiser. Dão-me 12 meses e eu faço o que quiser com eles. É uma espécie de cheque-oferta ilimitado.
Dia 31 é-me imposto, dia 1 é-me oferecido de bandeja.
Os inícios justificam os fins. Os meios apenas ligam uma coisa à outra. Por isso aquilo que vos desejo é um bom meio de 2010, porque é lá que está a virtude.