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Monstro Bolero

Monstro Bolero

30
Jul05

Ilusões

Joan@
Aquilo a que os teóricos chamam de socialização primária, à qual estamos sujeitos desde o momento em que nascemos e convivemos com os outros, não passa de uma fraude!! Um processo de mentiras compulsivas e encadeadas que nos fazem viver na ilusão! Mas há momentos (dramáticos) em que nos confrontamos com a triste realidade e percebemos que as imagens mentais que tínhamos do mundo não passam de gigantescos equívocos!!! Esses episódios são muitos, demasiados para os relatar um por um, mas deixo para já um exemplo de um desses momentos-revelação-choque: OS RECIBOS VERDES NÃO SÃO VERDES !!!
27
Jul05

CasaPianosOnTour

Joan@
Vi noutro dia no telejornal que "o processo Casa Pia foi de férias"... e parei uns momentos a imaginar o que isso pode significar.. Muitas foram as imagens que me ocorreram, e que não posso deixar de partilhar: uma grande carrinha alugada, com o logotipo do processo na traseira, conduzida pelo juíz Rui Teixeira (que finalmente vai deixar as calças de ganga com as quais trabalha desconfortável, e libertar-se um pouco, indo de cuecas), todos os envolvidos lá dentro, com t-shirts pretas a dizer "CasaPianosOnTour", cantando músicas populares portuguesas, num afinar conjunto de gargantas para os grandes espectáculos que se avizinham.. Sim porque no intervalo dos mergulhos e banhos de sol estes senhores (e senhoras) vão trabalhar!! Estão agendados múltiplos eventos pelo país fora, entre os quais: espectáculos musicais do duo Pedro Namora e Adelino Granja, cujas primeiras partes serão feitas por Catalina Pestana (dança do ventre e flauta de bisel), recitais de poesia de Hugo Marçal (acompanhado por Herman José no bandolim e Cândido Mota no banjo - ok este não é implicado no processo, mas todos sabemos que segue o Herman para onde quer que vá!), sessões culinárias (com o melhor da gastronomia alentejana) pela dona da Casa de Elvas, desportos radicais sob a supervisão (atenta) de Carlos Silvino (Bibi para os amigos, caso os tivesse), cursos de caça submarina ministrados pelo arqueólogo subaquático (e arguido nos tempos livres) Francisco Alves, grandes noitadas de Trivial Prsuit conduzidas por Carlos Cruz e raves pela noite fora ao som do DJ Ritto. Esta digressão casapiana promete!! É pena os telejornais não fazerem uma cobertura intensiva dos acontecimentos... Assim sendo resta-me nunca mais acordar!!!


25
Jul05

Mário Soares à Presidência

Joan@
Notícia bombástica no Lar de Idosos de Santo António dos Cavaleiros... o saudoso colega do Jardim de Infância em 1905 Mário Soares vai candidatar-se a Presidente da República!! A única dúvida que resta e levanta até alguma poémica entre os vários acamados do lar: que nome terá a campanha presidencial que arrancará em Setembro?? As hipóteses são Parkinson 2005 ou Alzheimer Millenium, mas para que esta última fosse avante seria necessário algum investimento num patrocinador, e não, não me refiro ao Banco BCP mas sim a este blog. Afinal de contas o Monstro Bolero é um agente oficial de Alzheimer e não pode ceder os direitos assim sem mais nem menos! Se o contrato for estabelecido os eleitores poderão contar com o melhor merchandising elaborado pelo Monstro, que passa por bonecos de celulose com grandes bochechas movediças, fotografias do Marocas montado numa tartaruga e gravações do mesmo a falar francês, numa colecção de 10 cassetes (o registo é tão antigo que não é possível passar para CD) que dá pelo nome de "Aprenda qualquer coisa que fica entre o francês, as maneiras diplomáticas e um dialecto da África Central". Agora resta esperar para ver os próximos desenvolvimentos, os ex-colegas de Mário e actuais residentes de muitos lares por esse país fora apenas lamentam não poderem estar cá para ver a tomada de posse "daquele senhor fortezinho que consta que andou com eles na primária mas cujo nome não se lembram bem!"...
23
Jul05

Fiel ou quê?

Joan@
A TVI não pára de surpreender (ou, por outro prisma, talvez nunca mais tenha surpreendido desde que deixou de ser a TV dos padres)... O mais recente sucesso dá pelo nome de "Fiel ou Infiel" e consegue ser mais deprimente do que qualquer Reality Show ou mesmo que os rodapés do Jornal Nacional. Durante os primeiros cinco segundos de visionamento é possível esboçar um sorriso. Nos momentos que se seguem, uma pessoa normal (e reparem que os meus padrões de normalidade não são nada exigentes, ou não tivesse eu um blog chamado "Monstro Bolero"), fica à beira do choro compulsivo! Porque não pode deixar de ser triste ver pessoas que recebem certamente menos de 100 contos pelos seus péssimos desempenhos dramáticos, e que por esse preço miserável chegam a espetar ramos de flores na cara de outros e se dão ao trabalho exigente e demorado de recitar cerca de 8 páginas de texto corrido com uma média de 4 palavrões por frase (que nem chegam até ao simples telespectador já que são cobardemente cobertas pelos "pis")... Estamos de facto perante uma vil exploração da fantástica e multifacetada mão-de-obra portuguesa, que poderia ser empregue em programas tão mais interessantes, quem sabe a serem transmitidos por volta das 5 da manhã no Canal 2 (mesmo que esse horário esteja já monopolizado pela mira técnica). E como se não bastasse às pobres criaturas gritar e lutar uns com os outros, ainda têm que fazer tudo isso sob o relato ininterrupto e ensurdecedor de "João Cléber" um engenho que se faz passar por ser humano, oriundo do Brasil e cujos decibeis rivalizam com Júlia Pinheiro (vendo bem faziam um belo casal, embora os frutos desse casamento tivessem de nascer já com aparelho auditivo, e quem sabe patrocinados pela prestigiada Casa Sonotone). O programa vale mesmo a pena para quem queira lavar os olhos - não pela beleza das "sedutoras e seduzidos" mas sim porque o choro vai ser inevitável, de vergonha pelas figuras que as pessoas fazem para aparecer na televisão, e de arrependimento por ter dado um minuto que seja de audiência a um "Jerry Springer" à brasileira (com folclore a condizer). Mas pronto, há que ser forte para ultrapassar estes pequenos traumas do dia-a-dia, inevitáveis de cada vez que a nossa compulsão masoquista marca o número 4 do comando da televisão (já tentei pôr autocolantes por cima e tudo mas não resulta, a atracção pelo abismo é mais forte)...
09
Jul05

Protótipo A

Joan@
Já repararam que há um protótipo de pessoa que está SEMPRE nos sítios chatos/incómodos onde temos de nos deslocar? (contribuindo enormemente para a chatice do local). Farmácias, autocarros, lojas do cidadão, bancos, repartições de finanças, segurança social, correios, hopitais, centros de saúde, ELES ESTÃO EM TODO O LADO!!!
São muitos e iguais. Poderiamos chamar-lhes protótipo A (A vem de Alzheimer obviamente, vêem como sou previsível?).
Têm mais de 60 anos, estão sempre sentados, embora reclamem pela espera e pelas dores nas pernas como se estivessem em pé (e se tentarmos reclamar refutam: "não estou em pé mas com a quantidade de gente que aqui está poderia estar, se não tivesse chegado com 3h de antecedência!, e depois como é que era?"...). Chegámos assim à primeira grande característica definidora deste protótipo: Não podemos dizer-lhes uma palavra porque eles retribuem com um mínimo de 72 frases, número que pode aumentar se não nos afastarmos rapidamente.
Mas há muitas outras especificidades facilmente observáveis:
- mesmo estando confortavelmente sentadas num dos três únicos lugares da sala de espera, e possuindo a senha nº2, que será atendida dentro de 30 segundos, se virem alguém dirigir-se discretamente ao balcão para pedir uma singela informação, fazem questão de tornar essa presença bem notada, levantando-se (esquecendo momentaneamente as dores na coluna que tinham dado o mote à conversa das últimas oito semanas) e gritando bem alto insinuações que começam na suposta intenção da pessoa passar à frente das restantes 413, e não se sabe ao certo onde podem acabar!
- fazem questão de referir, cerca de nove vezes por minuto, qual a situação profissional, sexual, afectiva, física, psicológica, geográfica ou económica "da minha Rosa e do meu Nélson", já que "o meu mais velho está na tropa e a minha mai'nova é muito prendada, apesar dos amargos de boca"...
- também têm uma predilecção especial por utilizar provérbios/ditados/expressões populares, mesmo quando (a maioria das vezes) não têm nada a ver com a conversa. Exemplo: "não gosto nada de comer avelãs, sabe como é, gato escaldado de água fria tem medo", ou quando só se lembram de metade da frase "eu digo-lhe sempre que aquilo não é pera fácil, já a avisei que mais depressa se apanha um mentiroso do que uma comadre"...
- sempre que tentam interagir connosco (e fazem-no muitas vezes, para mal dos nossos pecados), chamam-nos "filha" ou qualquer variante ainda pior como "filhinha" ou "a menina" (até mesmo os rapazes podem estar sujeitos a este tratamento já que a graduação dos óculos nem sempre ajuda, e "a juventude de hoje em dia, nem se distinguem os sexos!")...
- este é, de resto, outro dos assuntos preferidos do protótipo A - temas generalistas, bem abrangentes, em que o sujeito visado é um só mesmo que englobe milhões de pessoas diferentes ("é tudo a mesma cambada"), assim falam da juventude, dos ateus, dos brasileiros, dos estrangeiros, das tatuagens, dos "pierces", do futebol, dos chineses, das discotecas, da internet, de TUDO como se dominassem o assunto na perfeição.~

- ... e podíamos continuar esta descrição do protótipo A para sempre, já que eles andam aí e se atravessam no nosso caminho dia após dia, fazendo questão de nos mostrar as proezas mais incríveis de que são capazes, sempre a surpreender! Por isso é provável que esta tese venha a conhecer ainda novos capítulos (probabilidade quase tão grande como a de eu ser esganada por um membro do protótipo A quando, inocentemente, lhe pisar o dedo mindinho na fila de uma qualquer repartição de finanças por esse Portugal fora)...

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