É a pergunta que mais se ouve por aí. Não percebo a grande questão. Se o Sporting não inclui os psicotécnicos nas avaliações médicas dos seus jogadores, é lá com eles. Parece-me claro e indiscutível que se trata de um atraso... mental.
O entretenimento português anda a confundir-me, e a confundir-se perigosamente com a realidade também. Ou será a realidade a intrometer-se no entretenimento? Uma doméstica de 40 anos chamada Júlia Pinheiro foi ao programa da...Júlia Pinheiro, precisamente. Rita Ferro Rodrigues deu o prémio do Dominó, mas estava careca. Se calhar era o Nuno Graciano. Leonor Pinhão é afinal de contas argumentista, o que me leva a crer que mais dia menos dia Luís Filipe Vieira poderá ser dirigente desportivo (ah, já é? tem acontecido de tudo, realmente). Começo a acreditar que à terceira jornada, quando Camacho for despedido, contratarão João Botelho. Se tudo falhar, o plano alternativo é Jorge Gabriel, que eu sempre conheci do futebol e noutro dia estava a apresentar o Super Concurso na RTP. E pior, os concorrentes eram um tal de João Baião e uma Ana Brito e Cunha, que eu achava que já eram conhecidos e afinal são meros anónimos (como seria bom ter percebido isso há mais tempo!) e, pior, estavam a fazer passatempos do "Com a verdade me enganas" que eu achava que tinha acabado há 20 anos. E não, não estava na RTP Memória, eu confirmei. Entretanto reparei (talvez porque vem escrito em 30 jornais e 90 revistas) que Nicolau Breyner vai fazer de Pinto da Costa, embora não tenha papada, e o presidente do FCP provoque mais gargalhadas numa entrevista conduzida por Ana Lourenço na SIC Notícias do que Nicolau em toda uma (penosa) temporada de Nico D'Obra. Nessa mesma fita, Carolina Salgado vai fazer de Maria Laurinda e desmascarar o tubarão. Ou será que é Maria Laurinda que vai fazer de Carolina Salgado e desmascarar Luís Filipe Vieira? Deve ser mais isso, porque a Margarida anda ocupada com o Ivo Ferreira, aquele estudante de cinema que depois de ser apanhado a fumar haxixe passou a cineasta. Talvez um destes dias sejam convidados para o Calor da Tarde, um espaço muito simpático, que faz um trocadilho À La Malucos do Riso com aquela "danceteria" onde trabalhava a Carolina Salgado. Ou era Ana Maria? Ah, talvez fossem as gémeas dos Morangos com Açúcar. Aquelas que têm sete anos e pediram à mãe que lhes deixasse usar partes de cima de bikini para fingir que já são crescidas. Acho que eram essas, sim. Finalmente consegui pôr alguma ordem nisto, vou descansar.
Tenho para mim que só há uma coisa mais certa do que a morte. O Natal. Porque morra quem morrer existirão sempre sonhos e rabanadas, o papel de embrulho nunca sucumbirá e todas as mães de família lutarão de forma hercúlea com o peru, tendo o forno como terreno de batalha e o centro de mesa com pinhas e azevinho como testemunho da vitória anunciada. E a certeza que tenho a respeito do Natal é de tal forma grande que a afirmo agora, a 29 de Agosto, num momento em que ainda não há um único enfeite de Natal a decorar a cidade (acho que este ano vai ser mais tarde, só lá para 3 de Setembro!).
Primeiro, um programa na TVI com uma mulher a atender freneticamente chamadas (quando elas existem) ou simplesmente a "encher chouriços", mas com muito pouca arte. Digamos que, na área dos enchidos, não seria certamente um chouriço de Portalegre. Quanto muito um chouriço do Feijó. E tudo isto já era suficientemente mau. Já para não falar do facto de eu estar a ver televisão às três da manhã, mas isso é outra história. Tudo piora quando não só são três da manhã e eu estou no sofá da sala de comando na mão, mas as convulsões sob a forma de chamada telefónica não têm lugar num só canal mas em dois!! Pois é, a SIC achou o programa de tal forma interessnte que fez um igual. E quando achava que ficava por aqui, descobri que a TVI subiu a parada para cinco madrugadas por semana mais as duas madrugadas do fim-de-semana, para que não falte diversão a quem vê televisão à hora das televendas e já está farto do Jack Lalanne Power Juicer. Não me incluo, porque prefiro mil vezes a destreza com que aquele senhor faz batido de beterraba do que o ataque de epilepsia de uma ex-concorrente do Big Brother (a única sem sucesso na carreira do carjacking, coitada, teve que fazer pela vida) e um tal de Quimbé, no canal do lado. A única coisa que me assusta é esta rápida multiplicação, porque por este andar toda a programação vai ser transformada neste call center gigante e quase tão ineficaz como o da Netcabo. Já estou a ver José Rodrigues dos Santos aos saltinhos no telejornal, competindo com Rodrigo Guedes de Carvalho, que atende menos chamadas por segundo... É o fim.
Você na TV. Cristina Ferreira anuncia às senhoras do público, cuja média de idades é 76 anos, que na 3ª parte vai ensiná-las como podem ser virgens outra vez. Não consigo comentar, mas achei que o mundo tinha de saber disto. Missão cumprida.
Já repararam que pulula por aí uma fruta que, pela sua simples existência, nos insulta? É capaz de fazer de nós parvos no momento em que tentamos pronunciar o seu nome. Porque com mais ou menos entoação, em tom grave ou agudo, soletrado devagar ou dito rispidamente, nunca deixará de soar ridículo. Nós fazemos a figura e ele fica a rir-se. Sim, ele. O alperce.
O mais recente reforço do Benfica, em discurso directo: "No meu primeiro dia de treinos o treinador perguntou-me onde eu gostava mais de jogar. Foram as palavras mais maravilhosas que alguma vez ouvi". Ok, sempre é melhor do que citar "carpe diem" como máxima preferida. Mas não muito melhor. "O Benfica é um dos 10 maiores clubes do mundo". É equivalente a dizer que "O Clube dos Poetas Mortos", realizado por Bergman e com Jim Carrey como protagonista é o filme da sua vida. E o equivalente a perguntar depois também: "chamava-se clube dos poetas ou os fura casamentos? não me recordo bem...". "A equipa tem cerca de 20 milhões de adeptos espalhados por todo o mundo." É a célebre história do "quem conta um conto acrescenta um ponto", mas acrescentando um oceano e muitos americanos pelo meio, dá nisto... de seis milhões passam a vinte, que isto na América é tudo em grande. Last but not least, o senhor Kofi Adu diz:"Durante uma semana pensei muito sobre o assunto. Até me doeu a cabeça de tanto pensar." Não nos admira nada essa dor, pois não? Imagino até que tenha sido bastante aguda.
Loja do Cidadão. Cheia. Afinal há muita gente que vem passar férias aqui. E eu que achava que era um spot exclusivo. Impressos para renovação do BI para mim, 7 euros para a senhora. O que se faz com um formulário à frente, pedindo-nos nome, morada, naturalidade e outros dados profundamente complexos? Preenche-se, não é? Também me pareceu que sim. Sem precisar sequer de consultar manuais, compêndios ou apontamentos. E quando achei que tinha passado a prova com distinção, virei a página. Numa febre de preenchimento (que é como quem diz num "ter-de-fazer-tempo-porque-faltam-45-senhas-para-o-meu-número") estava à espera de mais quadradinhos para completar. Mas não, a segunda página eram as instruções para preenchimento da primeira. Faz todo o sentido. Com a quantidade de gente oriunda de países distantes que se encontrava naquele edifício, aposto que eram mais os que liam de trás para a frente do que da forma convencional. Eu é que estava ali a mais. E melhor, primeira das instruções: preencher tudo a preto. Todas as minhas letras eram de um bonito e reluzente azul. E não abdiquei dele, esperei hora e meia até ser chamada, pronta não só para encher o meu indicador direito de tinta preta mas também para fazer todo um discurso acerca da liberdade de cores. Como é que numa loja do cidadão pejada de árabes, africanos, asiáticos, barreirenses e até uma natural de Linda-a-Velha, pode haver discriminação ao nível do tom da esferográfica? Felizmente imperou o bom senso, e a senhora absteve-se de comentar a coloração do meu impresso modelo 589. Ainda há esperança para Portugal.
A questão é: o que é que vai acontecer quando todas as senhoras idosas que andam por aí com enchumaços nos ombros de tamanho XL começarem efectivamente a jogar futebol americano? É que elas andam com certeza a treinar nas nossas costas. E nos ombros delas.