Desde a mais tenra idade vivo fascinada (entre outras coisas) pelo facto de haver alguém que dá pelo nome de Gigi Reino. Isso só por si chega e sobra para me deixar feliz. Mas apercebo-me agora de um fenómeno ainda mais abrangente em torno de Gigi: é que todas as pessoas que se pronunciam sobre ele dizem coisas de um ridículo atroz (note-se que já tive a minha dose, ao utilizar a expressão "tenra idade" num texto sobre o dono de um restaurante e demais gastrónomos).
David Lopes Ramos, no
Público de hoje, diz coisas como "
Gigi é o nome de geurra de Bernardo Reino" (começamos bem), "
Gigi que é um gastrónomo exigente e muito centrado nas nossas coisas"(vamos lá pôr as coisas no devido lugar), "
estava de apetite, meninos, de apetite!" (o gastrónomo entusiasma-se), "
Gigi, no seu estilo negligé soigné"(em que é que ficamos - é exigente e centrado ou negligé soigné?), e last but not least:
"E todos os dias vai ao mercado comprar os peixes e mariscos com que se deixa fotografar". Parece-me que há alguem com uma mania mais estranha do que Paulo China, por terras algarvias. Este em vez de tirar fotografias com todo o tipo de jogador de futebol, modelo ou aspirante a actor, tira com camarão tigre, douradas, solhas e ameijoas. Há gostos para tudo. Mas não fica por aqui.
Vejo na net que Lopes Ramos é reincidente na matéria:
"Bernardo Reino, com a aura dos que parecem de bem com a vida, terminava um montinho de lagostins", "Bernardo Reino, que tem fama de bico fino". E não desilude, com um final em beleza:
"conheço uma série de lugares onde a qualidade dos grelhados não fica nada a dever aos do apoio da praia da Quinta do Lago. Mas não é Gigi quem quer."
Quem fala assim não é gago. Nem é Gigi, certamente, porque isso não é para qualquer um.