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Monstro Bolero

Monstro Bolero

12
Abr09

Pão Alentejano

Joan@

Hoje percebi que, por muitas línguas que possa ainda aprender (e nem sequer está nos meus planos aprender nenhuma - o português já me dá "água pela barba"!), nunca dominarei todos os dialectos utilizados em território nacional.

Na montra de um café, em Algés, um cartaz anuncia: "Peça-nos em Pão Alentejano: tostas, sandes, bifanas".

Ora, eu conseguia pedir em inglês, com alguma ginástica em espanhol, com dificuldade em francês, com muita aldrabice em italiano... Mas não sei fazer uma única pergunta em "Pão Alentejano! Zero! Nem aquele clássico "como te chamas? O meu nome é Joana.

Se alguém souber falar Pão Alentejano e me puder dar umas dicas, agradeço. Se dominarem outras línguas, tipo Bolinha de Mistura ou Broa de Milho, agradeço. Nunca se sabe, e mais vale prevenir do que acabar a passar fome num qualquer café português, por manifesta incapacidade de comunicar.

 

 

12
Abr09

Respect

Joan@

"Piano Bar", apresentado por Simone de Oliveira, na RTP Memória.

E eu a ver porquê? O destino assim o quis! E nessas coisas sou muito obediente.

A convidada era a inigualável Amália Rodrigues. Para perguntas insípidas, respostas muito inspiradas.

A melhor de todas vem no fim. Questionada sobre o seu próximo destino, disse:

Vou para a Sicília. Vou ser Amáfia Rodrigues.

 

E pronto. Fim de conversa. É assim que se remata uma entrevista e é assim que o Universo justifica a sua vontade de me ter feito ver cinco minutos de "Piano Bar". Sempre às ordens!

 

11
Abr09

129 Palitos

Joan@

Ainda pensei chamar a este post "A aventurosa história de Joana e os seus palitos". Percebi, a tempo, as interpretações que tal título podia ter. (Já vos conheço, já sei com o que contar). De qualquer forma, aqui estou eu  a contar-vos o que se passou ontem à noite (este acrescentar do elemento temporal foi só para aguçar a curiosidade perversa, porque esse tipo de histórias passa-se sempre quando o sol já se pôs, não é? Pois é).

Estava eu muito bem na cozinha a fazer bifes de peru enrolados com espinafres e queijo (que grande anti-climax foi este agora!), numa quantidade assinalável, debatendo-me com todos os ingredientes e com a destreza culinária necessária para essa manobra de enrolamento do bife quando descubro que alguém, algures no Mundo, numa fábrica de palitos, achou por bem embrulhá-los individualmente em plástico transparente! Sim! Longe vão os tempos em que se abria uma caixa de palitos e se tiravam os pauzinhos de madeira, fim de história. Agora abrir a caixa é apenas o começo. Sobretudo se tiverem as mãos todas sujas de limão e sal e ervas aromáticas e alho (ok, isso é problema meu que sou imunda). Não imaginam como me apeteceu dar um abraço ao inventor de tal coisa, naquele momento. E tinha mesmo de ser naquele momento, para espalhar bem nas costas dele todos os despojos de ingredientes que tinha nas minhas mãos. Foram uns minutos muito divertidos, a desembrulhar individualmente cada um dos palitos.

Quando já tinha esquecido tudo isto e me preparava para ir finalmente jantar, uma força do Universo quis dar ao criador dos palitos uma oportunidade para, ponto 1 - se vingar das minhas insultuosas palavras, ponto 2 - explicar o seu ponto.

E não é que conseguiu? Em mais uma demostração de inaptidão para a cozinha, num movimento mal calculado (pudera, já estava exausta depois da operação "palito hermeticamente selado"), deitei ao chão a caixa. Dum momento para o outro o chão da minha cozinha transformou-se num gigantesco jogo de Mikado.

 

 

A única coisa que eu queria era jantar, mas a providência divina quis oferecer-me um programa lúdico, tudo bem. A questão é: qual o destino destes palitos? Foram para o lixo porque tinham estado espalhados no chão sujo da cozinha?

Não... Voltaram todos para a caixinha porque um senhor muito simpático se lembrou dessa possibilidade e, precavido, protegeu todos os palitos com plástico. Muito obrigada.

 

09
Abr09

Formas Luso

Joan@

Uma nota prévia: se acredita mesmo que é a beber esta água que vai emagrecer, por favor desista desde já de ler as linhas que se seguem, e continue a beber Formas Luso e outras que tais, de preferência a acompanhar aquele leitão da bairrada bem tostado que come a meio da manhã (vai muito bem também com os cachorros quentes e os rissóis que come ao lanche, ajuda a empurrar e deixa mais um espacinho para a sobremesa - a inevitável lampreia de ovos, claro).

 

Posto isto, vamos ao que interessa:

1) Formas Luso não é um bom nome, porque referindo-se "luso" àquele que é português, acho que não deve ser ambição de ninguém ter uma forma luso (mais conhecida como "barriga de cerveja, mais proeminente que a de uma grávida de 8  meses"). Mas tudo bem, pelo menos não é publicidade enganosa.

2) O mais recente anúncio destes senhores promete "trânsito intestinal regulado ou o seu dinheiro de volta". E a questão que surge é: como se faz prova disso?! É que eu ainda percebo que uma pessoa consiga ir ao Jumbo mostrar umas alfaces que comprou no Continente por menos 2 cêntimos, e que assim receba o merecido reembolso.

Agora, como é que o uma pessoa se dirige à sede das águas do Luso (repararam na polissemia da palavra "sede" nesta frase? Espectacular!), continuando: como é que uma pessoa vai ter com os senhores das Formas Luso e prova que o seu trânsito intestinal não está regulado e que merece ser indemnziada?

 

(Pausa para pensar).

 

Prefiro não pensar mais acerca disto.

 

 

06
Abr09

La Reine

Joan@

É impressão minha ou os palitos La Reine são o equivalente gastronómico das compressa de gaze?

 

 

Até sei como é que chegaram ao nome para esse bolo. O  brainstorming deve ter sido mais ou menos assim:

inventor #1 do palito: "como é que chamamos a esta coisa insípida, menos agradável de mastigar do que uma lula e menos consistente que um político em ano de eleições?".

inventor #2 do palito: "damos-lhe um nome francês e toda a gente vai adorar. Resultou com aquele acidente que tivemos com a massa folhada... Chamámos-lhe palmier e vê lá se não marcha!"

 

Cá para mim só se justifica levar um desses famosos palitos La Reine à boca quando tiver arrancado um dente ou sofrido qualquer tipo de operação cirúrgica.

06
Abr09

Em banho Manel

Joan@

Pronto, é desta que não saio mais de casa.

Estou a ver o Goucha de bigodaça, ao melhor estilo "futebolista dos anos 80", a fazer fondue de chocolate, na RTP Memória, e a dizer "um dia conto-vos a aventura que é cozinhar aqui no Porto", "há sempre uma mosca na televisão" ou "santinho aí para o colega da câmara".

Principais conclusões: o gosto duvidoso para camisas já vem de longe e a antipatia era mal disfarçada, à época. Com o passar dos anos ganha-se um certo jogo de cintura. Na altura, aposto que se lhe ligasse uma velhota para o programa para jogar ao "Roda Você", Manuel Luís não só a despachava como é seu hábito, como também a insultava. A ela e à "senhora sua mãe", já falecida. Mas teria alguma razão, porque ligar para um programa de culinária é coisa injustificada.

 

01
Abr09

Acerto de Contas

Joan@

 

Já está! Não custou nada! As PF fizeram dezasseis anos, eu só fiz dois deles, mas soam a qualquer coisa como uma década. Acho que ao passar da porta entramos numa espécie de máquina do tempo.

 

Em contas curtas e rápidas (que a minha (in)competência matemática não dá para mais), quando eu tinha 7 anos uns senhores, algures em Lisboa, acharam por bem dar existência real ao seu trabalho fictício. E eu queria lá saber. O meu trabalho fictício, à época, envolvia qualquer coisa como jogar ao Polícia e Ladrão ou capitanear uma equipa de futebol humano (e nisso é que eu era mesmo boa!).

 

Aos 11 anos via o Herman Enciclopédia com fascínio absoluto. Achava fantástico que um grupo de adultos, supostamente com idade para ter juízo, tivesse divertimentos capazes de superar um bom jogo das Escondidas. Coisas como o Diácono Remédios ou o Melgashop.

Por essa altura, essa inspiração servia para as festas de Natal que organizava numa parceria com o quarto do lado (o do meu irmão), torturando toda a família, durante a Consoada, com os nossos sketches, que envolviam sátiras a anúncios, telenovelas mexicanas e comícios do PCP. (Pelo menos nessa altura não havia preocupações com audiências, os meus tios e avós estavam emparedados entre a mesa do bacalhau e a dos doce, tinham que ver o espectáculo quer quisessem quer não).

 

Quando fui eu a fazer 16 anos, já tinha tido oportunidade de ver (e rever) O Programa da Maria, talvez o meu "all-time favorite", e apesar de já não servir de inspiração directa para festas de Natal (entretanto canceladas devido a súbito envelhecimento do meu irmão, que abandonou o comité organizador), servia para perceber que "somewhere over the rainbow" (ok, vou parar com o vocabulário inglês, que começo a assemelhar-me perigosamente com a Ana Free) continuava a haver gente com idade para votar e guiar e entrar em casinos, que optava por fazer da palhaçada uma profissão (não que votar, guiar e entrar em casinos não seja igualmente divertido, mas é difícil fazer disso vida, a não ser que sejamos membros de conselhos distritais, camionistas ou croupiers).

Isso dava-me alguma esperança, já que a minha profissão da altura era coleccionar faltas disciplinares, fruto de óbvia falta de sentido de humor dos meus professores da escola secundária.

 

Agora que as PF fazem 16 anos (e vão sendo também, algumas vezes, expulsas das salas por mau comportamento), eu começo a aperceber-me, muito lentamente, que já não tenho essa idade, embora esteja muito bem conservada. Ainda a semana passada, na farmácia, me deram 15 anos (e foi antes de eu ingerir qualquer tipo de comprimidos ou drageias). Do alto (ou neste caso de baixo) dos meus 23 anos, resta-me aprender muito, aprender tudo o que falta, e esperar um dia fazer alguma coisa que sirva de inspiração a festas de natal domésticas. Há quem deseje mudar o mundo, eu só desejo isso: parentes próximos ou afastados a agonizar por entre peru e rabanadas, enquanto os primos mais novos anunciam com pompa e circunstância o décimo oitavo sketch.

 

Hoje falou-se por aqui em "margem de progressão" (às vezes gostamos de imitar as palestras do Queirós), eu acredito (e nestes momentos de ingenuidade percebe-se que na verdade continuo a ter 7 anos) que não há outro sítio onde essa margem pudesse ser maior. Sobretudo porque existe margem de manobra. Espaço para tentativa, erro, voltar a fazer, tentar fazer melhor da próxima vez. Ainda acredito que a escolha pode ser nossa, entre fazer alguma coisa (com todas as chatices que isso implica) ou ficar à margem, a criticar o que os outros fazem. E vou parar imediatamente com este campo semântico da palavra "margem" porque não tarda nada vou parar à Margem Sul, uma coisa que quem me conhece sabe ser muito habitual (sobretudo ao voltante de um automóvel, tentando ir para outro sítio qualquer). Assim sendo, fico por aqui.

01
Abr09

A comoção

Joan@

Há pessoas que se comovem com o que vêem nos filmes, ou nas séries, ou nos desenhos animados, enfim, com a ficção que lhe entra olhos adentro fingindo ser realidade por uns instantes. Comigo, durante décadas (ou pelo menos durante as duas décadas que tenho) isso nunca resultou.

Contam-se pelos dedos - ou melhor, por um dedo, portanto nem sequer é necessário um ser humano completo, qualquer pessoa amputada serve - as vezes em que me comovi com acontecimentos passados num écrã (retiramos desta contagem os telejornais, que aí sim, sou pessoa que chora copiosamente - quando vê a meteorologia, por exemplo).

O momento glorioso em que isso aconteceu, em que aderi de tal forma a uma ficção que sofri com ela, foi há quinze anos atrás, sentada no meu antigo sofá da sala, ao fim da tarde, a ver o Carrossel. Sim, uma telenovela mexicana dobrada em brasileiro. E daí? Não se riam, que aquilo era muito sofrido, como só os sul-americanos sabem ser. Havia um menino preto que era o Cirilo, era muito bonzinho e tinha um carrinho branco, e um menino branco que era muito mau e tinha um carrinho preto. Uma intriga densíssima, como podem ver. Personagens modeladas, daquelas que evoluem muito ao longo da narrativa! Já não sei reproduzir o momento que me levou ao pranto, mas sei que envolvia um velhinho muito velhinho que ia morrer, e o bom do Cirilo a despedir-se dele.

 

 

 

Isso é coisa para me comover. Mas só nessas condições. Se for feito por excelentes actores, num filme vencedor de vários Óscares da Academia e demais prémios, já não serve.

 

E isto vem tudo a propósito de quê?

Quinze anos depois volto a encontrar a minha capacidade perdida, a capacidade de ficar profundamente triste com o que se passa na televisão. Com vontade de chorar mesmo (embora controlada por enquanto). E o que é que me deprime assim, com essa facilidade? Um programa chamado Ligar, Ganhar. Estou a vê-lo há quase dez minutos e vou mudar neste momento de canal, caso contrário não consigo saír de casa hoje, tendo de me entregar ao Prozac...

Eu sei que programas destes existem aos pontapés pelas madrugadas televisivas fora. Mas ver pessoas às nove da manhã a tentar adivinhar o nome de frutos começados com A é muito mais deprimente. À noite, todos os gatos são pardos (uma frase que não vem muito a propósito), a começar o dia, um concurso destes, e a existência de pessoas que ligam para lá, enquanto o apresentador debita informação tão fascinante como a data de fundação do Sporting Clube Farense, faz-me perder toda a esperança na vida.

 

 

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