Tenho andado ausente do blog por um motivo muito válido. E desta vez nem sequer estou a referir-me aos motivos habituais, também eles muito dignos (leia-se "ver programas do Goucha" ou "ler revistas cor-de-rosa de semanas passadas").
Desta vez o motivo chama-se Papel Químico (dito desta forma até parece que me meti na droga - e na verdade foi mais ou menos isso).
O espectáculo já vinha sendo falado entre nós (o esquizofrénico Luís Franco-Bastos e a também mentalmente perturbada Ana Ribeiro) há longos meses, e finalmente estreou. Ontem.
E que tal a sensação? - perguntam vocês. Que pergunta tão estúpida, respondo-vos eu. Faz lembrar aquela mania das pessoas perguntarem "já te sentes mais velho?" assim que acabamos de soprar as velas de aniversário. Ainda assim, vou ser condescendente e tentar responder.
![]()
Apercebi-me de que estava realmente nervosa ontem quando fui a correr jantar a casa e dei por mim de tabuleiro, confortavelmente instalada no meu sofá, com a televisão ligada durante longuíssmos minutos no canal.... de teste da Zon. Ou seja, um canal com écrã sempre negro, ao melhor estilo César Monteiro. E eu a apreciar. Porque o filme que estava a ver passava-se todo dentro da minha cabeça. Chamava-se qualquer coisa como "ai-que-grande-catástrofe-que-isto-vai-ser-senhores". Mas, surpreendentemente, não foi. As pessoas até se riram mais do que duas ou três vezes, e chegaram mesmo a bater palmas.
Apercebi-me que continuava nervosa, já no São Luiz, quando dez minutos depois da peça ter começado reparei que não tinha os óculos comigo, tinha-os perdido algures no teatro, e como tal não estava a ver mais do que um vulto que eu desconfiava (tinha quase a certeza, até) ser o Luís. Já com metade do espectáculo decorrido, adivinhem. Sim, continuava nervosa, porque só nessa altura reparei que também não tinha o telemóvel comigo. Mas queria lá saber (e isto sim é um sintoma de que algo de muito anormal se passa).
Quando finalmente o texto chegou ao fim (e a verdade é que passou a correr) e o São Luiz ficou vazio novamente (ok, pelo meio houve alguns cumprimentos e amáveis palmadas nas costas!), é que percebi que já estava! Já passou! Como no fim das vacinas.
O que eu não sabia é que o grande momento ainda estava para vir. Nada acontece por acaso, e quando saímos apanhámos um táxi. Mas não era um táxi qualquer. Era um monovolume com uma porta daquelas de correr. Sempre sonhei andar num carro desses, para poder sentir-me um verdadeiro membro do Esquadrão Classe A. E tinha de ser ontem! 14 de Maio de 2009, claro. Faz todo o sentido. Controlei a ansiedade para não dizer "BA, BA, chamando Murdock!" enquanto descia a Rua do Alecrim. Foi um curto percurso este, é certo - pouco mais de um minuto. Mas vai durar a vida toda.