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Monstro Bolero

Monstro Bolero

11
Jun09

O meu primeiro poema

Joan@

Servia para tudo. Para me entreter quando já não havia mais episódios de Denver, o Dinossauro, para me persuadir a saír do banho, quando os dedos já estavam roxos, para me adormecer à velocidade de um comboio a vapor, sem as urgências de TGV que temos hoje. Havia tempo para ouvir as palavras a desaparecer no horizonte.

 

Ainda o sei de cor.

 

Trem de Ferro

 

Café com pão
Café com pão
Café com pão
Virge Maria que foi isso maquinista?
Agora sim
Café com pão
Agora sim
Voa, fumaça
Corre, cerca
Ai seu foguista
Bota fogo
Na fornalha
Que eu preciso
Muita força
Muita força
Muita força
(trem de ferro, trem de ferro)

Oô...
Foge, bicho
Foge, povo
Passa ponte
Passa poste
Passa pasto
Passa boi
Passa boiada
Passa galho
Da ingazeira
Debruçada
No riacho
Que vontade
De cantar!
Oô...
(café com pão é muito bom)

Quando me prendero
No canaviá
Cada pé de cana
Era um oficiá
Oô...
Menina bonita
Do vestido verde
Me dá tua boca
Pra matar minha sede
Oô...
Vou mimbora vou mimbora
Não gosto daqui
Nasci no sertão
Sou de Ouricuri
Oô...

Vaou depressa
Vou correndo
Vou na toda
Que só levo
Pouca gente
Pouca gente
Pouca gente...
(trem de ferro, trem de ferro)

 

Manuel Bandeira, 1936

 

10
Jun09

10 de Junho

Joan@

Quem merecia ser condecorada era a narradora da cerimónia de entrega das condecorações,  que disse coisas como "Joana Vasconcelos, conhecida por ter feito um sapato com tachos", "Paulo de Carvalho, fundador dos Beatles portugueses" ou - a melhor de todas, na minha opinião - "o engenheiro  Bento Amaral ficou paraplégico aos 25 anos a fazer uma carreirinha no mar". Ponto 1 - não é com certeza esse o feito que notabiliza o senhor e lhe garante uma condecoração (eu sei que o critério está longe de ser rigoroso, mas ainda assim...); Ponto 2 - a utilização da expressão "carreirinha" retira qualquer dignidade a este protocolo.

Tive pena de não poder assistir à entrega das outras medalhas. Parece ser muito mais divertido que os Globos de Ouro, e o Cavaco Silva chateia muito menos que a Bárbara Guimarães. Espero que repitam a emissão um destes dias. Senão terei de esperar pelo 10 de Junho de 2038 para ver na RTP Memória.

 

 

09
Jun09

Acidentes domésticos na era digital

Joan@

Ontem fiz uma pequena tentativa de suicídio/auto-mutilação (estou indecisa ainda na denominação, embora possam ser uma e a mesma coisa). Para não ir directa ao pescoço ou aos pulsos - que mesmo na hora da extrema violência evito os clichés - resovi começar pelo dedo indicador, decepando-o (para disfarçar, fingi que estava apenas a tentar cortar pão duro e ninguém desconfiou). O meu primeiro alívio (segundo, se contarmos com a água oxigenada) foi reparar que o dano se deu na mão esquerda, esse membro conhecido pela sua inutilidade na redacção de guiões e outro tipo de documentos.

Conclusão erradíssima. Na era da web 2.0 as facas são as mesmas e cortam tanto como no início do século, mas as canetas são cada vez mais obsoletas. Agora escrevo com quase todos os dedos das duas mãos (e anseio um dia fazê-lo também com os pés, como aqueles talentosos pintores deficientes que vendem quadros na época do Natal - sou menos talentosa mas igualmente persistente).

E dói-me muito o dedo esquerdo, responsável por um vasto lote de letras (toda a sequência QWERT e outras mais).

O meu suspiro, porém, não é de dor. É de saudade das canetas de tinta permanente. Da Parker. Coisas bonitas, com estojo, com classe, com tudo. Nada a ver com este matacão pouco elegante que dá pelo nome de teclado.

03
Jun09

Dúvida #1

Joan@

Será que algum dia vou parar de me surpreender quando envio mails para mim própria? A minha memória dura cerca de meia fracção de segundo, porque acabo de carregar no "send" e fico num misto de entusiasmo e curiosidade por ver que a Caixa de Entrada regista mais um mail. Depois vem a desilusão, quando vejo que o remetente é uma tal de Joana Marques. É que ela nunca diz nada de surpreendente!

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