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Monstro Bolero

Monstro Bolero

26
Jul09

Casa Arrumada

Joan@

Quando vi os outdoors de António Costa a dizer "Cumprimos: Casa Arrumada", pensei que ele fosse a mais recente contratação da Molly Maid. Adorava tê-lo cá em casa a passar um pano pelos móveis da sala. Mas é um sonho impossível, porque eu sou do Concelho de Oeiras, estou fora da área de acção do Sr. Costa, e nunca aceitaria alguém com esta cara de enjoado a aspirar o corredor:

 

 

Sempre que vejo Marcos Perestrello (este senhor que resulta certamente da união entre uma funcionária avant la lettre da Molly Maid, que achava "Marcos um lindo nome, como usam os brasileiros", e um magnata de Cascais, Dr. Perestrello, que não abdica de sublinhar os dois L's do seu apelido) dá-me ideia que ele comeu alguma coisa estragada. Era mais seguro ir aos almoços de campanha de milhares de euros organizados pelo seu rival Isaltino. Por esse preço é pouco provável que a refeição caia mal.

 

 

25
Jul09

Pi

Joan@

π

"Inês consegue dizer de cor 105 casas decimais do número pi" dizem eles, orgulhosos, na televisão, depois de vermos uma menina pardacenta a dizer a uma velocidade preocupante: "1415267912812981237129812938192", como quem recita um número de telefone do Bahrain. É por estas e por outras que sempre fiz questão de não ter mais de 13 a Métodos Quantitativos. Assim como assim, preferi usar os anos de escola para fazer amigos. É certo que só conseguia estabelecer uma amizade de cada vez, nunca consegui fazer 3,14 amigos. Só à unidade mesmo. Sempre me fez confusão esta coisa de haver um número que não é uma coisa nem outra. Não é 3 nem é 4. Dá-me ideia que foi em tempos um 3 demasiado ambicioso - garganeiro mesmo - que achou que conseguia ir mais além, e depois ficou num ridículo "resto" (um dos poucos conceitos matemáticos que ainda recordo) de 0,14 (mais não sei quantos dígitos que a outra menina sabe de trás para a frente). Isto já para não falar do ridículo nome com que se apresenta. Pi, para mim, nunca será um número. Será, na melhor das hipóteses, um apito que censura um palavrão ou a alcunha de uma tia do Monte Estoril.

 

E com este post inaugurei a tag "matemática", uma coisa que certamente deixará o meu pai orgulhoso. Finalmente! Depois de tantos anos de explicações mal sucedidas, que acabavam em gritos e crises de choro, quando eu me deixava tomar pela raiva, perante a incapacidade do meu progenitor me explicar inequações segundo o velho e bom método do "Joana, tens aqui 3 rebuçados. Se eu tiro dois, fico com quantos?".

14
Jul09

A Troca

Joan@

Como é que dizemos a alguém que está tudo muito certo, tudo muito bonito, mas não gostamos assim tanto dela? Como é que lhe explicamos que não é nada de pessoal mas preferimos outra pessoa? Como é que fazemos isto sem a magoar, quando ela já faz planos de futuro a dois?

 

Por outras palavras: como é que eu vou dizer à Cibele, esteticista portuguesa com razoável jeito para fazer a depilação, que prefiro marcar com a Joelma, esteticista brasileira bastante mais virtuosa no arranque dos pêlos? Como é que eu lhe vou explicar isto quando ela já planeia que voltemos a ver-nos no fim do mês, antes de eu ir de férias?

 

O amor é difícil, mas gerir a sensibilidade das senhoras do centro de estética ainda é mais.

06
Jul09

Tenho uma máquina do tempo com comando

Joan@

Ando mesmo preocupada com a minha televisão e esta coisa de ter encravado em 1993.

O problema nem é o da data. Eu, citando esse grande pensador nacional que é José Carlos Malato, "fui muito feliz" em 93. O problema nem é terem passado dezasseis (!) anos. O grande problema é que não estamos perante "mais do mesmo", mas sim "mais do ainda pior".

O novo Chuva de Estrelas não tem o túnel de fumo, de onde os concorrentes saíam como se tivessem passado 30 segundos no Carnaval de Torres, não tem Catarina Furtado, não tem sequer José Nuno Martins, não tem Fernando Martins (aquele cabeludo fascinante, do júri). Sobrou apenas um Herman José que não usa nem as camisas com lantejoulas nem a graça que punha ao serivço de "Parabéns" em 93.

Os novos Jogos Sem Fronteiras (disfarçados de TGV para dar um ajuda ao Governo e fingir que as obras públicas estão bem e recomendam-se) não têm Eládio Clímaco e a sua forma única de bater palmas, não têm equipas de Moura nem da Figueira da Foz, não têm Joker.

As doses maciças de Isto Só Vídeo que passam todos os dias não têm Virgílio Castelo. Continuam a ter cães a saltar e bébés a caír, é certo, mas sem a mestria com que o faziam nos anos 90. As criancinhas que chocavam contra portas de vidro há uns anos tinham muito mais elegência do que estas de agora. E eu com sete anos tinha muito mais desculpa para rir de noivas que espetavam a cara nos bolos de casamento.

A nova Praça Pública não tem Júlia Pinheiro nem emoção (normalmente são dois factores que andam de mãos dadas, talvez pela entoação do discurso da senhora), o novo Minas & Armadilhas não tem o tom cavernoso de Júlio César nem o charme da Belle Dominique, o novo Furor tem uma Catarina Furtado sem a energia do Chuva de Estrelas, e tem uma forte componente de responsabilidade social: há que dar emprego àquela gente toda que concorreu à Operação Triunfo achando que ia ter uma carreira internacional (e vendo bem, até têm, que os emigrantes adoram estes programas).

E podia continuar. Dá-se o caso de ter de ir trabalhar. Mas a seriedade deste assunto leva-me a crer que voltarei a ele brevemente.

Agora vou só ali enviar um telex (como se fazia à época) ao Nuno Santos, exigindo um remake d'O Juíz Decide e daquele programa espectacular em que o José Figueiras interrompia uma novela brasileira a meio para nos dar a oportunidade de escolher que final queríamos. Se é para voltar atrás, que seja em estilo.

06
Jul09

Do beijinho em prime time

Joan@

Intriga-me esta coisa de as pessoas, quando se apanham na televisão, mandarem beijinhos para a mãe, o pai, a mulher, o marido, os filhos ou o cão. A questão é: não têm o número de telefone deles?

Reparem: perante a oportunidade de falar em directo para o Mundo, em horário nobre, esta gente resolve enviar recados para quem? Para o Presidente da República? Para o Xanana Gusmão? Para um Roberto Leal, que seja? Não. Para as pessoas que vivem lá em casa, e que vão encontrar meia hora mais tarde. Se ao menos enviassem recados úteis, tipo "querido, descongela-me os bifes de frango, se faz favor" ou "mãe, vou chegar mais tarde porque vou ao cinema com o Joel", mas não... "Beijinhos" apenas. Será que é um código, com um significado indecifrável para os leigos?

 

 

03
Jul09

Cândido e Pangloss

Joan@

Ontem assisti ao melhor momento de televisão dos últimos anos. Há muito tempo que não me ria assim. E não tem nada a ver com os corninhos de Manuel Pinho. Quer dizer, indirectamente, tem. Mário Crespo lá estava, às nove em ponto, com o seu sorriso sarcástico, pronto a dissecar o assunto com José Gil. E como é que enceta a conversa? Pedindo um comentário às imagens? Não, claro que não. Passou-se assim:

 

"Apetece perguntar, como perguntou Cândido a Pangloss, o professor de Filosofia, ao chegar a Lisboa, no dia do Terramoto: o que é isto?".

 

Seguiram-se uns segundos de silêncio perplexo do convidado, que com certeza pensava para si próprio também "o que é isto?". Eu, quando consegui parar de rir, pensei como será a vida doméstica de Mário Crespo. Imaginem-no a entrar na cozinha, destapar a panela do jantar e não perceber bem o que está lá dentro... Grita então para a sua esposa:

 

"Maria! Apetece perguntar, como perguntou Cândido a Pangloss, o professor de Filosofia, ao chegar a Lisboa, no dia do Terramoto: o que é isto?".

 

Ou então, o Mário Crespo automobilista, que vê o seu carro ser abalroado por outro. Sai do carro, exaltado, olhando para os estragos no seu pára-choques, e diz ao condutor:

 

"Ó amigo, apetece perguntar, como perguntou Cândido a Pangloss, o professor de Filosofia, ao chegar a Lisboa, no dia do Terramoto: o que é isto?".

 

Isto nos dias em que Mário se sente mais Voltaire, claro. Se calhar há outros em que acorda mais a dar para o Camiliano (de Oliveira) e cita apenas a célebre: "lá fora tá-se pior, tá-se, tá-se!".

 

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