Os meteorologistas têm problemas em prever o tempo que fará no dia seguinte (a avaliar pelo que vejo aqui da janela, têm-nos e de que maneira, que ontem não vi em lado nenhum escrito ou dito que dia 1 de Dezembro teria lugar já em Agosto). Os videntes, mesmo os mais experientes, capazes de ler borras de café, têm algumas dificuldades em prever o que irá acontecer no ano seguinte. Normalmente jogam pelo seguro dizendo coisas como "Portugal continuará em crise" ou "o FC Porto será campeão". A maioria das pessoas queixa-se de não conseguir prever onde estará e o que fará daqui a dez anos (ou dez minutos, no caso de alguns amigos meus). Mas, para mim, a grande dificuldade de previsão coloca-se sobretudo ao nível do armazenamento de itens variados na chamada mala.
Como é que pode exigir-se a um ser humano que saiba o que é que lhe vai apetecer vestir no dia 5 de Agosto, daqui a tanto tempo, quando acordar? Depende de tantos factores! É por essas e por outras que acabo por levar o dobro do necessário, só para alargar o leque de escolha. Pedirem-me que leve apenas e só aquilo de que necessito seria o mesmo que me perguntarem o que me vai apetecer comer no dia 29 de Novembro ao almoço. Por acaso até sei. Frango com esparguete. Mas podia perfeitamente não saber.
E este dilema, que não chegou a acontecer mas podia perfeitamente ter acontecido, traumatizando-me quiçá para toda a vida, lembra-me um mítico vídeo d'Os Incorrigíveis, que "aqui vos deixo", como nos conselhos do Aleixo.