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Monstro Bolero

Monstro Bolero

31
Dez09

Não gosto de fins. Gosto de inícios.

Joan@

Não gosto de fins. Gosto de inícios.

(nota: este post pode ser lido de trás para a frente. era o que eu faria).

 

Gosto do início do livro, em que não sabemos o que aí vem. E que bom que é. Nas primeiras linhas de um Dan Brown ainda podemos ter a ilusão de que vem aí boa coisa (ok, talvez no fim da primeira linha já estejamos a perceber que não). Não gosto do fim do livro, quando queríamos muito mais e já só nos sobra a contra-capa e a biografia do autor na badana.

 

Gosto do início do filme, porque sei que lá para o meio vou adormecer e no fim já não vou perceber nada.

 

Gosto do princípio do jantar, quando estamos a congeminar o que vamos comer e o bom que vai ser. Odeio o fim do jantar, em que descobrimos que fizemos a escolha errada e que comemos demais. A entrada é sempre melhor que a sobremesa.

 

Gosto de ler jornais e revistas de trás para a frente, da última página para a primeira, para deixar o mais importante para o fim. O meu fim, o princípio deles.

 

Gosto do início da música que passa na rádio, quando era mesmo aquilo que nos apetecia ouvir. Não gosto que se aproximem os acordes finais e que se apodere de nós a consciência de que a seguir vai dar Shakira e Coldplay e nada poderemos fazer a não ser desligar o auto-rádio.

 

Destesto o fim de ano porque é o que querem que seja. Tem de ter passas, tem de ter champagne, tem de ter desejos, tem de ter cuecas azuis, tem de ter alegria a rodos.

 

Gosto do início de ano porque é o que eu quiser. Dão-me 12 meses e eu faço o que quiser com eles. É uma espécie de cheque-oferta ilimitado.

 

Dia 31 é-me imposto, dia 1 é-me oferecido de bandeja.

 

Os inícios justificam os fins. Os meios apenas ligam uma coisa à outra. Por isso aquilo que vos desejo é um bom meio de 2010, porque é lá que está a virtude.

31
Dez09

A Personalidade do Ano

Joan@

"E agora fora de brincadeiras" - os meus pais sempre usaram esta expressão, numa vã tentativa de abrirem um parêntesis no caos reinante para falarmos de qualquer coisa a sério. Sem palhaçada. Sempre tive alguma dificuldade em acatar essa ordem, mas com o passar dos anos torna-se cada vez mais nítido que, quer queiramos quer não, às vezes temos mesmo que fazer um intervalo no recreio e dar um saltinho ao mundo das coisas aborrecidas, desagradáveis, tristes, seja lá o que for. E a verdade é que dessas incursões retiramos sempre alguma coisa positiva.

2009 foi um ano muito bom para mim. Aconteceram-me coisas óptimas. Mas não poderá nunca ascender à categoria de "excelente", porque a sorte não foi repartida de forma justa pelos meus amigos mais próximos.

 

Acho sempre piada a ver prémios para "personalidades", que são invariavelmente atribuídos a gente cuja personalidade não conhecemos de lado nenhum. Só daria um galardão desses a alguém que conheça do princípio ao fim, dos pés à cabeça, nas horas más e boas. Alguém que já tenha sido obrigado a mostrar de que massa é feito. E felizmente 2009 mostrou-me a massa de muita gente que anda para aí. A maioria é demasiado refinada. Massa integral, daquela que faz bem à saúde, tem fibra e valor nutricional para dar e vender, há cada vez menos. Mas existe e merece a nossa vénia.

 

Por isso, a figura do ano foi, sem dúvida alguma, a minha amiga / mãe / referência / chefe / querida líder (tipo "Kim Jong-il mas em bom") / mentora espiritual / desancadora oficial / madrinha de coisas que estão para vir / responsável por coisas que já lá vão...  Maria João Cruz.

 

Aqui fica uma singela homenagem, de quem tem noção que só um tributo em horário nobre na TVI (incluindo os quatro pivots da estação, os 4Station, a cantar versões dos Xutos) ou uma banda composta pela Sónia Tavares e o senhor dos Moonspell estariam à altura desta pessoa. Mas o que tenho para dar é isto: uma música que é nitidamente sobre ti e um vídeo que mostra que por mais porrada (o termo técnico é esse) que a vida te dê és uma autêntica Muhammad Ali (embora bem mais bonita), e nem um hook na cabeça te deixa knock out. Ainda estás melhor da cabeça que todos nós juntos. Venceste este round e vencerás muitos, muitos mais, em 2010. Venha o que vier. Seja um aneurisma, um camião TIR desgovernado ou um Mike Tyson sedento da tua orelha bem convidativa. Dás conta deles todos.

 

 

Resta dizer que tenho uma aposta muito forte para a personalidade do ano 2010. Vai andar provavelmente por Orlando vestida de Minnie ou assim, ignorando que tem essa distinção. E assim é que é bonito, para não lhe subir à cabeça.

 

 

31
Dez09

2009 - O Musical (mas sem rapazes nus a cantar)

Joan@

O ano passado, fiz isto. Este ano, como não tenho pinga de originalidade, vou fazer o mesmo.

 

Janeiro - Little Jackie - The World Should Revolve Around Me - finalmente uma letra sobre coisas importantes: "So I bide my time with philosophical questions / Not for nothing but what came first?/ The chicken nugget or the egg mcmuffin?"
 

Fevereiro - Gym Class Heroes and Estelle - Guilty As Charged - quanto mais não seja porque passo, à vontade, 300 dos 365 dias do ano, a sentir-me a) absolutamente louca / b) a gym class heroe, por estar às 7 da manhã em cima duma bicicleta que nem sequer anda.

 

Março - Melanie Fiona - Give It To Me Right - dando uma de Pedro Boucherie Mendes (sem a parte da arrogância nem a dos olhos tortos), esta senhora é de Toronto, tem 26 anos e foi uma das revelações do ano - para mim - no que ao R&B diz respeito.

 

Abril - La Roux - In For The Kill - são descritos como "um dueto de Electropop / Synth, e eu sempre gostei de coisas que são pop-maxi-electro-supercalifragilisticexpialidocious.

 

Maio - Lily Allen - The Fear - "Now I'm not a saint but I'm not a sinner / Now everything is cool as long as I'm getting thinner" diz Lily. "My life is pretty much this", diz Joana.

 

Junho - Colbie Caillat - Fallin' For You - Porque o relato de um amor improvável entre uma surfista loira e um badocha de fio de ouro ao pescoço é sempre de valor! Viva o amor entre classes (e percentis).

 

Julho - Laura Izibor - Shine - Esta senhora tem menos um ano que eu, e eu acabei de lhe chamar senhora. Como é possível? Diz que se inspira em Aretha Franklin, e a inspiração está a resultar!

 

Agosto - Marcelo D2 - Desabafo - Muitas horas no Algarve a ouvir "deixa, deixa, deixa", que alguém jurava a pés juntos ser "beija, beija, beija". (Não posso gozar muito com isso, que só este ano percebi que na mítica música dos OMC eles diziam How Bizarre e não Alcazar...)

 

Setembro - Daniel Merriweather - Change - Sai mais uma revelação para o R&B em 2009. From Austrália to the world.

 

Outubro - Greenday - 21 Guns - Falhei o concerto em Lisboa, paciência, não se pode ter tudo e este ano já tinha tido oportunidade de ouvir o José Cid no Festival da Sardinha em Portimão.

 

Novembro - Rua da Saudade - Canção de Madrugar - Podia ser esta ou qualquer outra do Ary dos Santos. Finalmente um tributo que não magoa os ouvidos.

 

Dezembro - Foo Fighters - Wheels - Também foram uma revelação (em 1995). Este ano foram só mais uma confirmação. "When the wheels come down / When the wheels touch ground" é coisa para soar nos meus ouvidos daqui a seis meses, quando for a NY. Isto é, se não houver um terrorista mais jeitoso de mãos que este último, que consiga de facto mandar o avião pelos ares (mais ainda do que ele já estará, em pleno vôo).

 

Considerações acerca da falta de gosto / actualidade / relevância / categoria destas músicas, é favor enviar para mailquenuncavouler@gmail.com. Obrigada.

 

 

30
Dez09

2009 em Revista

Joan@

Antes de mais devo dizer que se pudesse ter 2009 numa só revista, adoraria que fosse na Telenovelas. Isto porque além de ter um óptimo formato para levar no bolso, é perita em resumir as coisas ao essencial, reduzi-las ao que realmente interessa, com frases como "Micaela descobre Jorge com Sónia e mata ambos". É isso que pretendo fazer acerca deste ano que agora finda (e não podia findar sem eu usar o verbo findar).

Por entre horas e horas de resumos do ano e da década em telejornais que se repetem até mais não, estão a ficar de fora os acontecimentos realmente marcantes de 2009.

 

E são eles:

 

 

O fim de Calvin & Hobbes no jornal Público. Tudo bem, o seu (à época) director justificou a decisão com o facto de já estarem a repetir pela quinta vez as mesmas tiras. Mas eu leio o jornal antes das nove da manhã, acham mesmo que passados cinco minutos ainda sei o que lá vi? Por mim até podia ser a mesma tira dia após dia, que continuava a aquecer-me mais que o meu cházinho de mel e ginseng (bem a propósito, outra descoberta do ano. É da Tetley, adquiram-no). Falando em géneros alimentícios... outra das grandes descobertas do ano foi o tremoço. Bem sei que Eusébio já o tinha descoberto há várias décadas (dizia ser o seu marisco favorito), mas eu só na passada Primavera é que consumi um pela primeira vez. Não sabia que era preciso tirar a casca. Achei gelatinoso. Mas sempre saiu mais barato que o pires de presunto que consumi no Clube do Fado em Lisboa. 15€, imagine-se. Ainda se tivesse actuado lá a Amália!

Por falar nisso.. Dizem que vários portugueses faleceram vítimas de Gripe A este ano, mas na verdade quem os vitimou foi Amália R (de Rodrigues). Fomos bombardeados em doses industriais - só faltou a Matutano lançar umas batatas especiais onduladas Amália - e no meio da overdose a única coisa interessante que descobri, por acaso, foi este genial fado da Caldeirada.

 

 

Tive oportunidade de comer coisas igualmente esquisitas por essa Europa fora, entre Praga, Viena e Budapeste, e de descobrir que um pomposo Wienerschnitzel não passa dum bife panado (tantas letras desperdiçadas, Deus meu), e tive sobretudo oportunidade de acertar na única companhia aéra a operar em Portugal que faliu sem apelo nem agravo, deixando-me pendurada, de bilhete na mão. Sky Europe, descansa em paz. Qual Solnado, qual Michael Jackson, qual quê. O Mundo pode ter ficado mais pobre sem eles, mas eu fiquei cento e muitos euros mais pobre sem ti. Essa é que é essa.

Uma coisa que felizmente não fale nem falirá jamais é a caixinha mágica (à sua maneira, é também uma caixa negra, com o registo de todos os acontecimentos ridiculamente importantes). Entre o Big Give da Oprah (ainda se lembram?), o Everyday Food, a reconstituição do desaparecimento de Maddie made in TVI e as declarações de Carolina Patrocínio sobre frutas diversas, passou-se um bom bocado! E, mais importante que tudo: eu estive lá, no estúdio do programa da D. Fátima, apresentado por D. Merche. E isso muda a vida duma pessoa. Isso e colaborar de alguma forma no Natal dos Hospitais (nem que fosse fornecendo os croissants do catering). São life changing moments, como diria a supra-citada Oprah.

 

De vez em quando trabalhei. Há muito, muito tempo, era eu uma criança (em Maio), o Papel Químico conheceu a luz do dia, e correu muitíssimo bem. Pelo menos a minha avó foi ver e achou "pilhas de graça". Isso chega-me. Mais recentemente, "O que se passou foi isto"...

 

 

2009 foi também ano de muitas eleições, mas o que realmente fica não são as cruzinhas que as pessoas fazem ou não nos boletins. O que fica é isto: Islatino continua a ser presidente da minha terra (boys will be boys, corruptos will be eleitos), uma chapada nas ventas, sofrida pelo Avô Cantigas com que o PS tentou ganhar as Europeias (apelando ao voto jovem), o facto de Manuela Ferreira Leite se referir repetidamente ao teleponto como power point, e a afirmação de Paulo Portas: "há quem esteja indeciso entre o Bloco e o CDS" - são sempre comoventes estas alusões à mãe em plena batalha política. Ah, e não podemos esquecer esses bonitos momentos de televisão que foram o "Como Nunca os Viu". Para mim era de facto importante saber que Portas come sushi todos os dias e que tem um aquário gigantesco na sala. Mudou radicalmente o meu sentido de voto. Votei sashimi num japonês ali para os lados da Junqueira (bom e barato, não divulguem muito).

Há quem diga que 2009 ficou marcado pelo caso BPP e pelo caso BPN. Para mim ficou marcado pelo caso Caixa Geral de Depósitos, já que tive que desfalcar a minha própria conta em vários milhares de euros (e aviso com pesar que isto não é exagero estilístico) para pagar a dívida à Segurança Social. E o pior é que não me sinto mais segura agora. Sinto-me até bastante insegura sempre que penso no campeonato português e me lembro das afirmações de Varela, no início de 2009: "para além do trabalho é necessário um talento inapto". Pois, talento inapto é o que mais se tem visto lá no Estádio do Dragão. O que muito me apoquenta. Felizmente não acredito em milagres e muito menos em Jesus. Aí vamos nós a caminho do Penta (wishful thinking).

 

Mas previsões para 2010 ficam para outro dia, e para outro blog (talvez o da Maria Helena, a astróloga com o nome menos sonante de sempre). Bom Ano!

 

 

01
Dez09

O Que Passou Passou

Joan@

Já cá não vinha há muito, muito tempo. E a vantagem dos sítios vazios é precisamente essa: podemos abandoná-los por tempo indeterminado que não está lá ninguém para sentir a nossa falta. Isto podia parecer até poético, não estivesse eu a referir-me ao meu próprio blog, o tal que nem eu visito. Mas hoje vim, deixar para a posteridade a nota de que amanhã estreia O Que Se Passou Foi Isto, lá para as 21h30, na RTP.

Vai ser giro ver aqui a data deste post, para daqui a uns tempos vir anunciar que o tal programa pode agora ser visto às 3 da manhã, depois de sucessivas noites de quarta-feira com audiências mais baixas que o Diga Lá Excelência do canal 2. É aproveitar enquanto dura! (pensamento também aplicável à vida, de forma geral, ou a um pacote de bolachas Maryland de forma mais particular).

 

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