Weetabix
Passada mais de uma década, resolvi voltar a tentar.
Pensei que, com o acumular da experiência e a crescente maturidade, já estavam reunidas as condições para conseguir apreciar uma boa dose de Weetabix pela manhã.
Enganei-me redondamente.
É a experiência mais próxima de ingerir o gesso cartonado que eles tanto gostam de utilizar no Querido, Mudei a Casa. Gesso cartonado empapado em leite. Diz que faz bem. Entra directamente para a gama de coisas que, fazendo bem, me marcam negativamente para a vida. Como o Neufil, que atormentou grande parte da minha infância. Neufil é um xarope que os especialistas apelidam de broncodilatador, e que eu apelido, carinhosamente, de veneno letal equivalente a cicuta.
Aos 24 anos tenho de me conformar, e perceber duma vez por todas que nunca serei adulta, pelo menos no que respeita aos hábitos alimentares. Nunca vou conseguir beber um bom vinho, tinto ou branco ou assim-assim, nunca vou discorrer sobre o novo lote de café ou a cápsula púrpura da Nespresso, nunca vou comer sem um esgar de dor uma couve de bruxelas, nunca vou começar o meu dia com uma taça cheia de Weetabix.
Agora vou ali decidir como me livro do resto dos cereais que estão na caixa. Espero que seja mais fácil ocultar uma caixa de Weetabix do que um cadáver. Estou disposta a esquartejar.