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Monstro Bolero

Monstro Bolero

15
Fev11

(re)start

Joan@

Ontem foi como voltar a começar. Acedendo ao simpático convite do Nuno Costa Santos, dei uma hora de aula na Restart, sítio onde há uns anos iniciei o meu caminho nessa profissão esquizofrénica que é o guionismo. Na verdade não posso dizer que tenha regressado às origens porque "no meu tempo" (é mau sinal quando começamos a usar esta expressão) a escola era no Parque das Nações (longe para burro) e não na Junqueira (mesmo aqui ao lado). Mas apesar da mudança geográfica o resto continua igual. O mesmo espírito, o entusiasmo de quem ouve as coisas pela primeira vez, de quem não caiu ainda na rotina em que as palavras parecem todas repetidas. Fazer um curso, predispormo-nos a aprender o que quer que seja, é como ter seis anos novamente. É voltar à pré-primária. A parte dos picotados e das colagens pode ser trocada por punchlines e brainstormings, mas os estrangeirismos não roubam o encanto à coisa. Ontem por uma hora pude voltar a ter seis anos também. E com os parcos conhecimentos de matemática que se têm nessa idade (os meus não se alteraram muito desde então) fiz contas - pelos dedos - e percebi que só passaram 4 anos desde que saí da Restart. Desde que estava ali sentada numa sala de aula a imaginar que tudo era possível e, ao mesmo tempo, a nem sequer sonhar as coisas que eram possíveis. De repente, olhando para trás, sinto que não fiz nada. Mas ao mesmo tempo vejo que não fiz nada porque andei ocupada a fazer tudo e mais alguma coisa. Portanto o saldo não é assim tão negativo. Há quem veja estes regressos ao passado como o fechar de um determinado ciclo. Eu, como fã que sou de Michael J. Fox, prefiro ver as coisas como um regresso ao futuro. Foi uma oportunidade para pensar no que quero ter para dizer daqui a quatro anos. Espero que seja muito mais fascinante do que tudo o que disse ontem.

03
Fev11

É preciso ser estúpido...

Joan@

Há quem ache completamente irracional que haja quem acredite em Deus. Eu acho que é muito mais irracional acreditar em Maicon. Ou Sereno. Ou Sapunaru. E o exemplo não é válido apenas para estes tropeços. É igualmente irracional acreditar em Hulk, ou em Cristiano Ronaldo ou em Messi. A irracionalidade não varia em função da força ou da técnica. Compreendo melhor que haja quem acredite num homem de barba e túnica que habita algures no Universo e que só fala com a Alexandra Solnado, do que alguém que depoiste a sua fé em onze jogadores depilados e tatuados. Porque a ironia suprema é que, mesmo nos dias em que se perde cinco a zero (não estou a ver a quem possa ter sucedido, ultimamente), os adeptos ficam a remoer a derrota nos seus Opel Corsa de 94, no pára-arranca da IC19 e os jogadores escolhem uma de três hipóteses para se consolarem daquela ligeira contrariedade: a) comprar um Porsche, b) comprar um Ferrari, c) comprar um Lamborghini. Não faz sentido depositarmos as nossas esperanças num bando de gente cujos dias se resumem a "trabalho de ginásio, trabalho com bola, trabalho condicionado" (se lessemos isto fora de contexto nem sabíamos se se tratava dum atleta ou dum caniche daqueles que treinam para provas de agilidade). Sinto que o desporto rei não me merece! Não me pagam para tanto sofrimento e aumento do risco de sofrer dum problema cardíaco precoce. Um destes dias vou ser internada por causa dum fora-de-jogo mal assinalado. E com a minha sorte, quando estiver hospitalizada, vou apanhar uma daquelas acções de solidariedade em que um qualquer Fábio Coentrão visita acamados, para demonstrar que os futebolistas podem não ter cérebro mas têm coração! Claro que os adeptos acreditam também que esse coração tem uma só cor. Os sportinguistas acreditam piamente que o Liedson vai continuar a ver jogos da liga portuguesa e a fazer claque por Saleiro, os benfiquistas acham que David Luiz fez toda a viagem até Inglaterra a tentar estancar as lágrimas com a sua gadelha, tal era já a saudade de Jesus e do Barbas. Estas leis são válidas para qualquer pessoa, de qualquer clube, só muda a cor do filtro. Para mim, tudo o que é azul fica melhor. João Moutinho ficou subitamente mais bonito. De certos ângulos é até alto e espadaúdo. Não há lugar para a analise rigorosa no futebol. Há um acordo tácito entre adeptos e protagonistas: para que fiquemos todos em igualdade de circunstâncias, aceitamos deixar o cérebro à porta do estádio. Ao ligar a SportTV, depositamos o nosso cortex cerebral ao lado da box e só o levantamos ao fim de 90 minutos. Ainda assim há quem tente "racionalizar o fenómeno desportivo" (é assim que eles falam) criando novos sinónimos para ridículo: "Rui Santos" ou "Luís Freitas Lobo".

Claro que no final de Maio, ao ver a faixa de campeão, vou ser como as pessoas que se reconciliam com a fé. Perante o milagre da vizinha do 3º esquerdo que voltou a andar contra todas as previsões médicas, bastando o pároco da freguesia tocar-lhe no joelho, a dona Alcina esquece a doença terrível que levou o seu marido e a fez zangar com Deus, e volta a ir à missa e a comungar. Perante o próximo golo de calcanhar do Falcao, eu voltarei a ser feliz, feliz como só os irracionais conseguem ser. E vou insultar aqueles irracionais que estão a dizer que o Benfica é que devia ter ganho o campeonato. É preciso ser estúpido...

 

 

 

 

02
Fev11

Parece que foi ontem

Joan@

"The freelance write is a man who is paid per piece or per word or perhaps" (Robert Benchley) - frase sábia e válida também para mulheres. Ainda assim, continua a valer a pena. Hoje passa mais um 2 de Fevereiro, e volta a fazer anos que estou nas Produções Fictícias. A grande diferença é que desta vez dei por mim sem saber já bem quantos anos são. Isto é sinal de uma de três coisas: a) já é muito tempo, b) não é muito tempo mas é muita perda de memória e de capacidade cerebral minha, c) não custa a passar por isso nem dou conta, ao contrário daqueles 5 minutos que se passam à espera que chegue a nossa vez nos correios, e que parecem durar uma vida. Enquanto as PF não se transformarem numa enorme estação dos CTT, em que tudo o que podemos fazer para tentar acelerar os minutos no relógio é ler o último best seller do Paulo Coelho, acho que vou continuar por lá. Mesmo que chamem a minha senha e me mandem embora. Não saio.

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