O Momento da Verdade
Mais um.
Mais um programa da televisão portuguesa que pode inserir-se nessa grandiosa categoria do "tão mau que é bom". O Momento da Verdade é também mais uma importação de formato televisivo, mas o que é certo é que os outros não têm o toque de classe de uma Teresa Guilherme. Uma queixada daquelas não se encontra por aí aos pontapés. Outra coisa coisa que também não há em abundância nos outros países (a não ser em Paris, Newark, Luxemburgo, enfim) é a "típica família portuguesa". Já por cá, existem até demais. E ao que parece estão todas inscritas no "pograma" da Teresa. Começámos pela família mais contemporanea: pai militar com cabelo cheio de gel, várias amigas prostitutas , que risca as bonecas da filha com esferográficas e não percebe porque raio é que a criança não acha graça, acompanhado da esposa cabeleireira que continua "a amar muito" o seu marido, apesar dos oitenta tipos de doença que já contraiu graças a ele. Não foi mau, para começar. Mas ontem foi melhor. Família mais tradicional. Pai que tem bigode. Pai que tem mercearia. Pai que aldraba os clientes. Pai que bate na mulher. Pai que tinha relações homossexuais por "muita grana", como ele diz. Pai que simulou um ataque epilético para não ir à tropa e depois disse que andou a fazer de tontinho durante uns dias, despenteado e maltrapilho, como se os epiléticos fossem um género específico de sem-abrigo. Pai que não tem orgulho no filho, porque o pai dele também não tinha nele. Pai que tentou ensinar a mulher a fumar para esta ficar mais sexy. (Tenho para mim que não há nada mais sexy que uma bronquite asmática). Pai que estimava tão bem o seu automóvel que levava um guarda-sol para tapar o carro dos raios ultra-violeta e deixava toda a família a trabalhar para o melanoma. Pai que depois de confessar tudo isto, diz que não guarda rancor do filho por este ter destruido o seu carro-à-prova-de-sol. Pai estúpido. Família em desacordo e discussão, ao cair do pano. É que eles até aceitavam bem que o pai os quisesse matar a todos, com fumo de tabaco, alta exposição a raios UVA, ou simplesmente à força de chapada. Agora, desperdiçar assim 10 mil euros? Isso é que não. Tenham lá paciência mas um merceeiro que levou tantos anos a aldrabar o preço da pêra rocha não podia ter perdido tudo de forma tão inglória. É que não me conformo!Mas, verdade se diga, ontem à noite cumpri um sonho que há muito acalentava. Mais precisamente desde 1995. Tinha 9 anos e os meus pais achavam por bem negar-me o acesso a certos produtos televisivos, mandando-me para a cama de forma indecente e insensível. Assim, foram anos de repressão e sofrimento, enquanto andava na primária e não podia assistir a isto:
É verdade, perdi o "Não Se Esqueça da Escova de Dentes" para sempre. Mas nunca é tarde, e hoje consigo ver toda a filmografia de Teresa Guilherme, em tempo útil. E se vale a pena!