Finalmente, o frio.
Desta vez vejo-me forçada a concordar com Alberto Caeiro. Eu que nem aprecio especialmente o guardador de rebanhos, nem sou dada à natureza... Mas lá nisto, ele tinha razão:
"Quando está frio no tempo do frio, para mim é como se estivesse agradável"
Diria mesmo: muitíssimo agradável! Acabaram-se os engarrafamentos ao fim-de-semana na Marginal, acabou-se a praia, acabou-se o ar condicionado, acabaram-se as havaianas, sandálias, chinelos, chanatas e aparentados, acabaram-se os caracóis e as cervejas (essa combinação hedionda), acabaram-se os programas repetidos, as campanhas publicitárias histéricas, acabaram-se as vagas de calor, os alertas laranja e vermelhos, os incêndios e demais catástrofes naturais.
Agora há trânsito toda a semana na Marginal, há neve na Serra da Estrela, há botas, abotinados, sapatos fechados, ténis e galochas, há chá e torradas (essa combinação muito bem caçada), há programas novos (e ainda mais aterradores que os repetidos), começam as campanhas furiosas do Natal, vêm aí as frentes frias e os grandes aguaceiros, os alertas da protecção civil, as cheias no Dafundo e as infiltrações por todo o lado.
Mas é mil vezes melhor!