Olhos nos Olhos
E não, não me refiro a termos um presidente preto na Casa Branca. Refiro-me a uma coisa muito mais importante e sobre a qual ninguém parece ter a coragem de reflectir.
Primeiro isto:
Da próxima vez, vou estar atento à tua fisgada
Encruzilhar-me na tua bancada
Ficar num canto e não me mexer
Mais uma vez, vou seguir todos os teus caminhos
Fugir fingindo que me vês sorrindo
P'ra te fitar quando eu puder
Quero ser, personagem de banda desenhada
Onde me assumo numa cena errada
E em que todos me vão descobrir
Quero ficar um pouco mais dentro do teu casulo
Faço de conta, que sou teu e tu és meu assumo
Onde me entrego e tu te das a conhecer
Que ninguem vá, onde vou
Nunca estás, onde estou
Que ninguém fale, de quem falou
Nunca digas quem eu sou
A música é do João Pedro Pais, chama-se Mais Que Uma Vez e faz parte do genérico da nova telenovela da TVI. A questão é: por que é que a novela se chama "Olhos nos Olhos", renunciando sem dó nem piedade a uma tradição de anos (que pareceram décadas) de títulos iguais aos de grandes êxitos nacionais? Não entendo. Até porque Mais Que Uma Vez servia que nem uma luva a esta nova produção, onde Paulo Pires aparece Mais Que Uma Vez disfarçado de uma nacionaldiade qualquer e onde, Mais Que Uma Vez, se percebe que os sotaques não são o seu forte. Mas, admitindo que o ilustre autor da telenovela não quisesse este título, podia retirar da restante letra títulos igualmente bons. Eu sugeria "Atento à tua fisgada" ou "Encruzilhar-me na tua bancada". Gosto muito deste último, e tendo em conta que grande parte das acções decorre em cozinhas, copas e kitchenetes, onde criadas fardadas a rigor servem cerca de dez refeições por dia, a referência à bancada fica sempre bem.