Sinal de Partida
Está aí o Natal.
E não digo isto pela secção de chocolates dos hipermercados, que já em Novembro me fez parar e perguntar se estavamos perto da Páscoa (tristemente verídico este episódio), nem sequer pela epidemia de Pais Natal Trepadores que já se vêem junto das janelas, competindo com as bandeiras desbotadas da era Scolari. Não digo isto sequer pelas iluminações das ruas, os panfletos do Toys R Us ou as árvores de natal que sofrem de gigantismo um pouco por tudo o que é centro comercial...
Digo isto, com toda a certeza, porque ontem deu o Sozinho em Casa 3 na televisão.
A quadra natalícia já não é marcada pela cerimónia de montar a árvore de natal ou o presépio. É marcada pela filmologia de natal, mais especificamente pelo sub-género "crianças abandonadas". Começamos por esta versão fraquinha, com um miúdo que nem é o original, e à medida que nos aproximamos de dia 24 chega o verdadeiro Macaulay Culkin (este nome soa sempre melhor quando dito por miúdos da pré-primária, é que eles sempre têm desculpa para se engasgar). Quando vemos o espectacular "Perdido em Nova York" deixamo-nos invadir pelo espírito de natal, e preparamo-nos para ver, em pleno dia 25, o ET, recitando de cor todos os diálogos do filme. Com sorte, antes do entardecer ainda temos direito a ver os Goonies. E para os resistentes, que não morrem intoxicados com as doses cavalares de peru (repararam na incongruência de juntar cavalos e perus?), há sempre um qualquer filme de três horas sobre a vida de Cristo.
Ámen.