Carnaval
Noutro dia encontrei uma amiga minha bastante chateada com a vida.
Porquê? Porque tinha estado vinte minutos parada no carro, às nove da manhã.
Trânsito? Não.
Acidente? Não. Quer dizer, mais ou menos.
Um acidente envolvendo cerca de 500 crianças de uma escola.
Uns vestidos de Batman, outros de Cowboy, umas de Barbie Quebra Nozes, outras de Cinderela, mais uma mão cheia de Noddy's, um ou outro Ruca, meia dúzia de palhaços, princesas, índios, e outros disfarces genéricos, nitidamente propostos por pais que não têm tempo para comprar mais que uma peruca.
Todos a atravessar a estrada. Na passadeira, como manda a lei, e o polícia de trânsito, que é uma espécie de criança a quem a mãe nunca se lembrou de tirar a máscara.
Todos a andar muito devagarinho, para que os condutores pudessem apreciar os seus trajes. Todos a gritar, a atirar papelinhos e serpentinas.
Eu não estive lá, mas sei como essas coisas se processam. Quanto mais não seja porque já fui uma das Brancas de Neve no desfile, embora, devo dizer, sempre muito contrariada (disfarçava era bem!).
Este episódio, quanto a mim, resume muito bem o que é o Carnaval.
Obriga-nos a parar à espera que passe.