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Monstro Bolero

Monstro Bolero

06
Jul10

Duas descobertas deste fim-de-semana

Joan@

Maxibon Cookie e Jesusalém, de Mia Couto - não necessariamente por esta ordem de importância.

E um deles (deixo-vos adivinhar qual) diz:

 

"Não tardou que começassem as clandestinas lições da escrita. Um pequeno graveto rabiscava na areia do quintal e eu, deslumbrado, sentia que o mundo renascia como a savana depois das chuvas. Aos poucos, eu entendia as interdições de Silvestre: a escrita era a ponte entre tempos passados e futuros, tempos que, em mim, nunca chegaram a existir. (...) Foi desta maneira que estreei o meu primeiro diário. Foi também assim que ases e valetes, damas e reis, duques e manilhas passaram a partilhar os meus segredos. Os rabiscos minúsculos encheram copas, paus, ouros e espadas. Nesses cinquentas e dois quadradinhos verti uma infância de queixumes, esperanças e confissões. No jogo com Ntunzi, sempre perdi. No jogo com a escrita, perdi-me sempre."

 

Muito eloquente, este Maxibon.

03
Jul09

Cândido e Pangloss

Joan@

Ontem assisti ao melhor momento de televisão dos últimos anos. Há muito tempo que não me ria assim. E não tem nada a ver com os corninhos de Manuel Pinho. Quer dizer, indirectamente, tem. Mário Crespo lá estava, às nove em ponto, com o seu sorriso sarcástico, pronto a dissecar o assunto com José Gil. E como é que enceta a conversa? Pedindo um comentário às imagens? Não, claro que não. Passou-se assim:

 

"Apetece perguntar, como perguntou Cândido a Pangloss, o professor de Filosofia, ao chegar a Lisboa, no dia do Terramoto: o que é isto?".

 

Seguiram-se uns segundos de silêncio perplexo do convidado, que com certeza pensava para si próprio também "o que é isto?". Eu, quando consegui parar de rir, pensei como será a vida doméstica de Mário Crespo. Imaginem-no a entrar na cozinha, destapar a panela do jantar e não perceber bem o que está lá dentro... Grita então para a sua esposa:

 

"Maria! Apetece perguntar, como perguntou Cândido a Pangloss, o professor de Filosofia, ao chegar a Lisboa, no dia do Terramoto: o que é isto?".

 

Ou então, o Mário Crespo automobilista, que vê o seu carro ser abalroado por outro. Sai do carro, exaltado, olhando para os estragos no seu pára-choques, e diz ao condutor:

 

"Ó amigo, apetece perguntar, como perguntou Cândido a Pangloss, o professor de Filosofia, ao chegar a Lisboa, no dia do Terramoto: o que é isto?".

 

Isto nos dias em que Mário se sente mais Voltaire, claro. Se calhar há outros em que acorda mais a dar para o Camiliano (de Oliveira) e cita apenas a célebre: "lá fora tá-se pior, tá-se, tá-se!".

 

25
Mar09

Medo

Joan@

Vejo num catálogo de livros que o senhor Jeff Abbot acaba de lançar o livro "Medo".

Em grande destaque na capa vem o facto deste senhor ser autor do bestseller "Pânico".

Prevejo que as próximas obras a conhecer a luz do dia sejam qualquer coisa como: "Temor", Grande Receio", "Relativa Apreensão".

Fiquem atentos. Parece-me que este filão dá pano para mangas.

24
Fev09

É fácil!

Joan@

Não me perguntem porquê, mas tenho na minha estante de livros uma obra de Allan e  Barbara Pease (certamente um casal sem grande coisa para fazer) chamada "É fácil! Como lidar com os outros e ganhar com isso."

Eu não o comprei, nem o roubei (imaginem o ridículo de roubar um manual sobre como lidar com pessoas e ganhar com isso, acho que não ia ser a melhor forma de lidar com os seguranças da Fnac...).

Alguém mo deu, disso não há dúvida. Lembro-me vagamente. Provavelmente num aniversário. Não sei quem, nem quando, nem onde. Mas agradeço muito! Pela primeira vez dediquei alguns minutos ao livro e valeram todos os segundos que incluem!

No capítulo "As 5 Regras de Ouro da Escuta" podemos aprender a utilizar "encorajadores mínimos". Dizem eles: "quando a outra pessoa fala, encoraje-a a continuar usando: estou a ver, hum hum, a sério? e conte mais!". Por isso, quando estiverem a desabafar com alguém e ele usar esta sequência de forma maquinal, sem prestar atenção ao que estão a dizer, já sabem que literatura consultou!

Melhor que isto só o capítulo "como memorizar nomes". Em vez de qualquer coisa como "esteja atento quando lhe apresentam as pessoas", é-nos proposto um esquema muito mais complexo. O primeiro passo é repetir o nome da pessoa alto, várias vezes. Já estou mesmo a ver. "Joana, este é o Rui", dizem-me.  Rui? Olá Rui! Tudo bem Rui? Óptimo, Rui", respondo eu. Advertem que se o nome for pouco comum devemos pedir à pessoa para o soletrar. Ainda melhor. A nossa taxa de memorização cresce na exacta proporção em que a nossa sociabilidade diminui. Mais depressa somos internados do que fazemos algum amigo novo. Mas o melhor vem depois. Diz-nos o livro que devemos transformar o nome num objecto: "Teresa - mesa, Susana - banana, Leonor - tambor, Luís - nariz". E depois? Temos de "imaginar o objecto a interagir de forma ridícula com uma característica proeminente da pessoa. Por exemplo, se o Luís tem um nariz de dimensões superiores à média, imagine-o a tirar macacos do nariz, se a Leonor tiver um vozeirão, imagine-a a bater num tamborzão".... Senhores, vamos lá parar um bocadinho esta voragem memorizadora. A que propósito é que vou criar um misto de anedota do António Sala e canção infantil para decorar uma coisa tão simples como o nome duma pessoa? Ainda se fossem os caminhos de ferro da Holanda!

No fim do capítulo há um precioso bónus. Uma lista de mnemónicas para nomes. Eu às vezes tinha dificuldade em saber como se chamava a minha amiga Mónica, mas agora lembrar-me-ei de Água Tónica e tudo será mais fácil. O pior é que depois em vez de lhe perguntar pelo marido Marco, perguntar-lhe-ei sobre o Gin. Francisco e Beatriz felizmente não são nomes que utilize muito, porque segundo o livro teria de me lembrar de "vi a actriz" e de "cisco no olho", o que sinceramente não me apetece muito. Vou tentar conhecer um Alberto, já que a palavra-chave é "bar aberto", e evitar Antónios, com o seu "entorne-o".

Acima de tudo, vou continuar a ler este livro já de seguida.

 

07
Jan09

O Verdadeiro Segredo

Joan@

Como é que eu pude esquecer-me disto, quando elenquei os meus presentes de aniversário? Talvez o tenha feito por isto ser mais que uma simples prenda. Isto é uma autêntica herança. Se pudesse ser foleira, diria que é um pedaço de céu. Como não posso... Não digo. Isto é o legado de Barney Stinson (devem conhecê-lo de How I Met Your Mother. E aqui a forma verbal "devem" é mesmo como quem diz - se não conhecem larguem já tudo e vão informar-se, seus madraços). Vale a pena ver também o blog do senhor (já falo nele como se existisse de facto, é o meu novo Pai Natal).

 

 

Qual Código da Vinci, qual Codex 632, qual Código Postal, qual Código Morse, qual Código da Estrada... Bem, acho que já perceberam o meu ponto. The Bro Code tem artigos mais válidos que a Constituição Portuguesa de 1976 (também não é difícil). Tão válidos que até dão vontade de ser homem (só por uns segundos!) para poder aplicar a conduta dos Bros à nossa vida. Felizmente a mudança de sexo é desnecessária, graças ao Artigo nº 22 - "There is no law that prohibits a woman from being a Bro".

 

Aqui ficam algumas pérolas do código do Barney:

 - A Bro is always entitled to do something stupid, as long as the rest of his Bros are all doing it.

- Bros do not share dessert.

- A Bro never dances with his hands above his head.

- A Bro loves his country unless that country isn't America.

- A Bro never wears pink. Not even in Europe.

- A Bro shall honor thy father and mother, for they were once Bro and chick. However, a Bro never thinks of them in that capacity.

- When a Bro is with his Bros, he is not a vegetarian.

 

Agora só falta inventar um Sister Code, não é? Parece-me um bom projecto de ano novo...

 

15
Dez08

O livro mais próximo

Joan@

Vi algures no meu périplo dominical por blogs (que é o que os comuns mortais chamam de "anhar", mas nunca apreciei a expressão), um desafio que me pareceu suficientemente parvo para merecer uma resposta aqui.

 

Dizia assim:

1. Agarrar o livro mais próximo.

2. Abrir na página 161.

3. Procurar a 5ª frase completa.

4. Colocar a frase no blog.

5. Não escolher a melhor frase nem o melhor livro!!! Utilizar mesmo o livro que estiver mais próximo.

6. Passar a 5 pessoas.

 

 

Agarrei no primeiro livro da secção "estou a ler, estou a meio, tenham calma", mais precisamente Terapia, do David Lodge. Abri na tal página e a conclusão é esta: "O Bolinha tirou o chapéu e a chuva deslizava-lhe pela careca até à ponta do nariz e do queixo".

 

Ficaram curiosos não foi? Calculo! Para saberem como acaba esta cena com enorme carga dramática terão mesmo de adquirir o livro. Não empresto este porque me foi emprestado a mim. E subempreitadas de obras literárias é desagradável. Quanto àquilo de "passar a 5 pessoas", como se fosse uma mononucleose, não contem comigo! Responder a desafios parvos tudo bem, é divertido, entrar em correntes é uma mariquice.

30
Out08

Finalmente, o frio.

Joan@

Desta vez vejo-me forçada a concordar com Alberto Caeiro. Eu que nem aprecio especialmente o guardador de rebanhos, nem sou dada à natureza... Mas lá nisto, ele tinha razão:

 

"Quando está frio no tempo do frio, para mim é como se estivesse agradável"

 

 

Diria mesmo: muitíssimo agradável! Acabaram-se os engarrafamentos ao fim-de-semana na Marginal, acabou-se a praia, acabou-se o ar condicionado, acabaram-se as havaianas, sandálias, chinelos, chanatas e aparentados, acabaram-se os caracóis e as cervejas (essa combinação hedionda), acabaram-se os programas repetidos, as campanhas publicitárias histéricas, acabaram-se as vagas de calor, os alertas laranja e vermelhos, os incêndios e demais catástrofes naturais.

Agora há trânsito toda a semana na Marginal, há neve na Serra da Estrela, há botas, abotinados, sapatos fechados, ténis e galochas, há chá e torradas (essa combinação muito bem caçada), há programas novos (e ainda mais aterradores que os repetidos), começam as campanhas furiosas do Natal, vêm aí as frentes frias e os grandes aguaceiros, os alertas da protecção civil, as cheias no Dafundo e as infiltrações por todo o lado.

 

Mas é mil vezes melhor!

 

23
Out08

José Rodrigues dos Santos

Joan@

Pergunta a José Rodrigues dos Santos, no DN: Nunca sente falta de inspiração?

 

Resposta:
Nunca. Desconheço o que seja o famoso bloqueio de escritor.

 

Exercício meu: "Porque será José? Será por não ser escritor?"

 

Ele completa: Não estou a duvidar que exista, mas realmente nunca passei por tal experiência. Construo o livro na minha cabeça e o problema é os meus dedos serem suficientemente rápidos para acompanhar as ideias que fluem da minha mente

 

Apelo final: o nosso problema também é a rapidez dos seus dedos. Ninguém assalta a casa a este homem??

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