balançar 2011
Passei este mês a escrever vários balanços do ano, cheios de coisas francamente desinteressantes, como eleições, a morte de ditadores ou a chegada da troika, e uma ou outra ligeiramente mais interessante, como a nuvem de cinzas em nova york (também conhecida como cremação do Carlos Castro) ou a emigração, avant la lettre, da família Abreu-Djaló. Mas o meu 2011 foi marcado por coisas bem mais importantes e que provavelmente mudarão tanto o mundo como o desaparecimento do Bin Laden ou do Kim Jong Il, ou seja, nada.
Em Janeiro fiz a "sagrada" escritura da casa, e assim, 15 anos depois, regressei a Caselas, que tinha abandonado no fim da quarta classe. Depois disso houve a compra dos móveis, as mudanças, os barbecues no terraço e mais tarde, porque as boas histórias precisam de algum conflito, a chuva e as infiltrações. Aguardemos por 2012 para saber como termina o filme. Se a casa não ruir é um final feliz.
Uma das aquisições mais importantes para a casa nova foi, claro, o plasma. Para assegurar as doses de televisão de que o meu sistema sanguíneo precisa. Neste momento acho até pouco rigoroso dizer que vejo muita televisão. Acho que é já a televisão que me vê a mim, porque estou sempre em frente dela. E não me arrependo de nada. Até porque em 2011 tive direito a assistir a coisas como esta: uma senhora no você na tv perdeu a oportunidade de ganhar 10 mil euros por não saber quem escreveu "a relíquia". ficou apenas com 100 por saber quem é a jessica athayde. são estas coisas que me fazem acreditar que o facto de ter ido à escola combinado com visionamento maciço do Goucha me fará rica.
Como nem só de ócio vive o Homem, tive de ajudar a fazer alguma televisão também. E gostei particularmente de ver o resultado destes sketches:
Além da televisão podemos sempre contar com alguma imprensa para nos dar alegrias. Não vou fazer o resumo das TVMais, TV7dias e TVGuia que li ao longo do ano, porque é manifestamente impossível, mas deixo-vos a manchete que mais me fez rir em 2011. By Correio da Manhã (o melhor, desde que faleceu prematuramente o 24horas) - "Simão Saborsa abatido no funeral do pai". Sou só eu que imagino dois cadáveres em vez de um?
Em 2011 também aprendi muito. Fiquei a saber que a Ponte de Entre-os-Rios de chamava Hintze Ribeiro e não Índice Ribeiro, e descobri que afinal nesta música ninguém diz "katmandu".
Mas não pensem que eu não tenho consciência social. 2011 foi sem dúvida o ano das manifestações populares, da insurreição dos precários e indignados. Eu não vou passar ao lado disso. Não vou resumir o ano sem recordar o 12 de Março. Dia que me fica na memória por ter visto uma mulher a empunhar um cartaz a dizer "Quero engravidar!". Alguém devia explicar-lhe que não é ali que se trata disso. Se fosse na Praça Tahrir talvez ainda tivesse sorte. Agora, em Portugal, um país de brandos costumes e com Henrique Sotero preso? Nem pensar.
2011 foi também ano de grandes alegrias desportivas - na óptica do adepto, já que na óptica do utilizador, torci um pé, acontecimento que me fez chorar muito mais do que qualquer medida de austeridade. Mas voltando à posição de adepto, que é que como quem diz, a posição sentada no sofá, 2011 foi ano de Villas Boas, de Falcao, de 5 a zero, de apagão, de Liga Europa, Taça de Portugal, barriga cheia. E parece que já foi há tanto, tanto tempo, éramos nós umas crianças e Vitor Pereira estava caladinho num lugar discreto. Mas a maior alegria proporcionada, indirectamente, pelo Porto, foi o relato da SportTV nos festejos do campeonato. Fernando Belluschi entra em ampo com um recém-nascido ao colo e o comentador diz "creio que será um animal!". Priceless. Deu-me quase tanta alegria como aquele golo de calcanhar do Falcao (um dos 5).
Em 2011 rendi-me finalmente ao iPhone, no preciso dia em que Steve Jobs morreu. Chego sempre um bocado atrasada às cenas da moda. Mas chegou até mim, bem a tempo, a Bimby, e acho que a nossa relação pode evoluir positivamente em 2012 (tenho que ver o que diz a Maya sobre o assunto). Descobri o meu novo restaurante preferido (o Umai, mas não digam a ninguém), experimentei uma coisa que todos deviam experimentar antes de morrer (não, não me confundam com o Renato Seabra, foi só o brunch da Bica do Sapato). Fui à Madeira antes de descobrirem o buraco colossal, fui a Berlim antes de descobrir quão odiosa é a Merkel, fui a Porto Santo e a Amesterdão. E acho que o que gostei mais ainda foi Viana do Castelo.
Em 2011 apaixonei-me. Sim. Pela Fanny, cuja mãe queria chamar-lhe "Stephanie" (como a princesa do Mónaco), mas foi travada pela avó que não conseguia dizer o nome. E continuei apaixonada pela pessoa que me oferece a melhor parte dos cornettos - o fim - sem pestanejar. E olhem que é uma pessoa amiga do açúcar.
E depois de mais um ano em que trabalhei todos os dias para fazer rir alguém, o vídeo que mais gargalhadas me provocou foi este: